Minha lista de blogs

domingo, 30 de junho de 2013

Construir uma empresa de petróleo em 1953 ? No Brasil ? 

Tínhamos dinheiro ? Não. Tecnologia ? Não. Escolas e professores  para qualificar tecnologicamente os brasileiros ? Não. Tínhamos pelo menos a matéria-prima desta indústria (o petróleo) ? Também não. E políticos honestos ? E aí ? O que vc acha ? Dava para querer construir a PETROBRAS ?
Era difícil, era improvável, era impossível. Era .
"Gente. É o que inspira a gente.... " 

 
Luta dos estudantes garante royalties do Petróleo e pré-sal para a educação pública
A luta em defesa de investimentos mais robustos para a educação sempre foi a principal bandeira defendida pela União Nacional dos Estudantes (UNE) e, nos últimos anos, ganhou corpo e musculatura nas redes e nas ruas com passeatas, abaixo-assinados, blitz no congresso e corpo a corpo com parlamentares.
Em 2009, em meio à euforia pela descoberta de petróleo na costa brasileira, a UNE lançou durante um de seus Congressos a campanha “50% do fundo social do Pré-sal para a Educação”. Embora muitos não acreditassem, a vitória dos estudantes foi ainda maior.
Na madrugada da quarta-feira, 26 de junho de 2013, exatamente um ano após a conquista dos 10% do PIB para a educação na Câmara dos Deputados, os parlamentares novamente ouviram as vozes dos estudantes. Ocupando boa parte do plenário, os jovens comemoraram a aprovação do projeto em que União, estados e municípios terão obrigatoriamente de investir 75% dos royalties em educação pública. Os 25% desses mesmos royalties serão direcionados para a saúde. O projeto agora segue para o Senado.
“Essa vitória é também uma reparação histórica já que o Brasil nunca investiu os seus recursos naturais em prol do seu povo, da sua soberania e do seu real desenvolvimento. Foi assim em diversos ciclos de riqueza que tivemos, como o pau-brasil, o café e o açúcar”, disse a presidenta da UNE, Vic Barros. “Sob pressão das lutas estudantis, a Câmara dos Deputados aprovou a destinação dos recursos para a educação. Esta proposta foi elaborada pela UNE, ganhou força nas nossas lutas e hoje se tornou uma grande vitória”, celebrou Vic, que ainda valorizou e parabenizou a luta das pessoas e entidades fundamentais para a conquista:
“A CNTE, Campanha Nacional Pelo Direito a Educação, em especial ao amigo Daniel Cara, e a gloriosa e aguerrida União Brasileira dos Estudantes Secundaristas, entidade irmã da UNE, são também protagonistas desta luta. Agora é muita pressão para aprovarmos no Senado essa grande conquista”.
Vic convoca todos os estudantes a participar da passeata desta quinta-feira em Brasília, às 9h, em frente ao Museu Nacional. De lá, os estudantes irão marchar rumo ao Congresso para pressionar os parlamentares pela aprovação do Plano Nacional

A pressão dos estudantes impôs também uma derrota ao governo em relação ao fundo social do Pré-sal. De acordo com o projeto do governo, seriam usados para a educação 50% dos rendimentos desse fundo. O substitutivo do relator André Figueiredo (PDT-CE) determina o uso de 50% de todos os recursos recebidos pelo fundo nesse setor e não apenas metade de seus rendimentos. A proposta original do governo destinaria R$ 25,8 bi para a educação em 10 anos, enquanto o texto aprovado pode destinar R$ 280 bilhões para educação e saúde no mesmo período.
“Na proposta do governo não existia a questão do Fundo Social do Pré-sal e seus dividendos. Após muita pressão da entidade, o Fundo Social entrou no projeto, garantindo assim as metas do Plano Nacional de Educação, que é chegar em 10 anos aos 10% do PIB investidos em educação pública. Isso é muito importante, pois entramos no plenário com um Fundo Social do Pré-sal ignorado e saímos do plenário com a garantia de que ele será um dos motores para o desenvolvimento do Brasil”, explicou Vic Barros.
Para o coordenador da Campanha Nacional Pelo Direito a Educação, Daniel Cara, a diferença entre a conquista dessa quarta-feira e o que estava em jogo foi de bilhões a mais, e isso é graças à luta que vem das ruas. “Tivemos uma vitória histórica muito em razão a essas grandes mobilizações que o Brasil vive. A UNE está de parabéns pela persistência em lutar pela educação”

É histórica na UNE a luta pela ampliação do financiamento da educação. Trata-se de um tema debatido desde o surgimento da entidade, em 1937, período de grande efervescência no pensamento educacional, que viu também o surgimento do “Manifesto dos Pioneiros da Educação”, de 1932, trazendo novos olhares e expectativas para o setor. O tema dos recursos naturais foi bandeira dos estudantes também, na campanha “O Petróleo é Nosso!”, que culminou com a criação da Petrobras em 1953.

O Brasil que nunca dormiu

Diário da Manhã
Luiz de Aquino
Quantos de nós, da geração de meninos que vimos o golpe em 1964, viemos às linhas de jornais contar de nossas vivências quando a grande mídia (jornais, revistas, rádios e tevês) sacudiram o Brasil e o mundo com as notícias dos movimentos de ruas, nas últimas semana? Quase todos! Exaltamos os moços que sacudiram-se do marasmo das digitações aos celulares, saboreamos suas coragens de vir à rua, de dizer o que pensam, de estabelecer seus critérios: “Sem partidos! Sem violência! Sem vandalismo!”). E, melhor ainda, não tentamos ensinar nada.

Na segunda metade da minha década de 60, recordei com saudade as bolinhas de gude lançadas nas ruas para derrubar os cavalos dos soldados; recordei as caminhadas de braços dados, estudantes e professores caminhando pela Rua 10 rumo à Catedral. Às primeiras bombas e tiros, refugiamo-nos na igreja; os soldados entraram montados em seus cavalos e atiraram, ferindo a bala o jornalista Telmo Faria e a estudante de Arquitetura Lúcia Jaime, um coronel careca chamado Pitanga comandava, feito moderno Átila (dos hunos), “corajosamente”, aquela horda armada contra jovens idealistas cheios de vontades e sonhos de dignidade e liberdade.

Como tantos outros da minha faixa – boa parte mais velhos; grande parte mais jovens – aceitei a metáfora do “Brasil que acorda”; e fui sacudido pela foto do Padre Reginaldo Veloso que, em passeata no Recife, na última quarta-feira (26 de junho), exigiu o cartaz: “O Brasil que nunca dormiu saúda o Brasil que acordou”.

Isso mesmo, Padre Reginaldo! O Brasil não dormia; os jovens, sim, despertaram. Como nós fomos despertados ao nosso tempo. Recordei que em 1958, antes de completar 13 anos, estudante do primeiro ano ginasial no glorioso Colégio Pedro II, passeatei pelas ruas do Centro, no Rio de Janeiro, contra o aumento das passagens de bonde. Naquele dia, era eu quem “acordava”, porque os meninos do colegial e os moços das faculdades estavam despertados desde o começo da década de 50; seu “despertador” foi, certamente, a campanha “O petróleo é nosso”.

Entre os goianos, jamais dormiram Carlos Alberto Santa Cruz, Batista Custódio, Telmo Faria, José Sizenando Jaime (pai da citada Lúcia) e seus filhos Bizé e Luiz, Marcantonio Dela Corte, Paulo Silva de Jesus e seu irmão Ismael (assassinado aos 18 anos num quartel do Exército), Fausto Jaime, Renato e Mirinho Dias Batista e seu irmão Marco Antônio (“deEntre os goianos, iraram, publicou no Facebook e que traduz muito,m uito bem este momento histt do primeiro ano ginasial no glorsaparecido” aos 15 anos; os militares que o prenderam e deviam temer aquele menino), James Allen, os irmãos Olga e Allan Pimentel e muitas dezenas de outros – entre estes, Nelson Guzzo (há quatro décadas vivendo em Goiânia, foi líder estudantil no CPII dos meus tempos), parceiro de inúmeras passeatas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário