Pentágono vai-se instalar na América Latina?
Por Richard Rozoff, no site Stop NATO
Ontem, antes da viagem de Panetta, o
Departamento de Defesa distribuiu uma "Declaração sobre a Política de
Defesa do Hemisfério Ocidental" [orig. Western Hemisphere Defense Policy
Statement [3]].
A Declaração "visa a explicar como essa
orientação estratégica modelará nosso engajamento da região, como
aplica-se à região e, assim, acrescenta novos detalhes sobre como
implementaremos essa Orientação Estratégica no Hemisfério Ocidental"
-disse um dos funcionários da Defesa aos jornalistas que viajarão com o
secretário Panetta.
"O documento articula coerentemente os
nossos objetivos e a Orientação Estratégica" - acrescentou. - "Entendo
que é importante destacar que o secretário não estará apenas divulgando a
Orientação Estratégica, mas, de fato já esteja trabalhando para
implementá-la enquanto está lá".
Panetta fará esse trabalho, disse o
funcionário, operando com nações na América Latina nos esforços que
envolvem (...) fortalecer instituições de defesa multilateral na região e
apoiar o crescimento de instituições de defesa profissionais e
amadurecidas.
Os funcionários do Ministério da Defesa
dos EUA buscam também fortalecer as instituições multilaterais de Defesa
na região, onde muitos países, dentre os quais Uruguai, Peru,
Argentina, Brasil e outros são o que o funcionário do Ministério da
Defesa chamou de "exportadores de segurança".
Esses países, disse ele, contribuem
significativamente para a segurança regional e global, inclusive com
tropas de pacificação para a ONU, além de ajudarem a construir
capacidades e treinarem polícias e forças armadas na América Central e
em outros pontos.
"Em abril, em Cartagena, Colômbia,
durante a Cúpula das Américas, o presidente da Colômbia Juan Manuel
Santos e o presidente Barack Obama assinaram um plano de ação para
coordenarem esforços na mesma direção" - disse o funcionário da Defesa. E
explicou que "Estaremos alavancando essa experiência, as capacidades,
as lições aprendidas em tantos países da América Latina, para coordenar
esforços que evitem retrabalho na América Central".
"Em outubro", continuou ele, "estamos
construindo plano detalhado de ação, segundo o qual EUA e Colômbia
coordenarão ações para alavancar recursos e capacidades para construir
capacidades efetivas e circunstâncias de treinamento e outras, na
América Central e em outros pontos".
O mesmo funcionário disse aos
jornalistas que os EUA e Canadá já estão trabalhando em plano específico
de Defesa, para a América Central.
"Estamos trabalhando em várias frentes,
conforme orientação do secretário e nos termos da Orientação Estratégica
para Defesa do Hemisfério Ocidental, para desenvolver abordagens
inovadoras e parcerias inovadoras que nos capacitem a enfrentar desafios
que sabemos que são muito complexos, e que enfrentamos no Hemisfério" -
disse o funcionário.
Como parte do esforço para apoiar o
crescimento de instituições de defesa maduras e profissionais, o
secretário Panetta, oferecerá ao Peru a possibilidade de o país unir-se
como parceiro dos EUA num programa chamado "Conselheiros do Ministério
da Defesa", Ministry of Defense Advisers, MODA.
O programa MODA é ativo no Afeganistão.
Agora o Departamento de Defesa o está expandindo para outros países,
como o Peru e Montenegro.
Se o Peru aceitar a parceria, o programa
MODA introduzirá, no Departamento de Defesa do Peru, um especialista
técnico, que ali trabalhará durante dois anos. Esse especialista operará
como conselheiro técnico em questões como orçamento, compra, aquisição,
planejamento e planejamento estratégico - informou aos jornalistas o
funcionário do Departamento de Defesa.
O Programa MODA é parceria que os EUA
oferecem a países que já trabalharam com os EUA em outro programa
chamado DIRI, "Defense Industrial Reform Initiative" [Iniciativa de
Reforma Industrial da Defesa]. Para esse programa, as equipes do
Departamento de Defesa dos EUA são deslocadas para os diferentes países,
onde operam por uma semana ou duas de cada vez, com os ministérios
locais de defesa, sempre sobre questões técnicas e similares.
No Peru, disse o funcionário, "o
secretário Panetta explicará o Programa MODA ao ministro de Defesa
peruano. A partir do momento em que o Peru aceite a parceria, caberá aos
EUA dar andamento ao programa, e assegurar que o MODA peruano atenda
exatamente aos interesses do Peru, considerando as ações mais
apropriadas e mais efetivas para os peruanos".
No Hemisfério Ocidental, Chile, Brasil,
Peru, Colômbia e Guatemala já participam atualmente do programa DIRI -
disse o funcionário.
Além de assistência humanitária e
resposta a desastres, outros tópicos devem ser discutidos na conferência
de ministros de Defesa, como preservação da paz, o Sistema
Interamericano de Defesa e segurança e defesa, relacionada à atuação de
militares em situação que não sejam de Defesa - como no combate ao
tráfico de drogas.
A Iniciativa das Operações Globais de
Preservação da Paz dos EUA [orig. US Global Peacekeeping Operations
Initiative, GPOI], opera com vários países, dentre os quais Peru,
Uruguai, El Salvador, em treinamento e equipamento de tropas para
preservação da paz e reabastecer centros de treinamento para esses
agentes.
Desde 2007, os EUA já transferiram para o governo do Peru o equivalente a US$ 7 milhões, de fundos da GPOI.
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