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segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

DEFENDER A PETROBRAS E A DEMOCRACIA SEM PARTIDARISMO OU POLITICAGEM É O DEVER DE TODO BRASILEIRO DIGNO, NÃO VENDIDO A INTERESSES ESTRANGEIROS E NÃO ENGANADO POR UMA MÍDIA APÁTRIDA E ANTI-NACIONAL !

Intelectuais denunciam golpe contra Petrobras em manifesto

Nomes de peso assinam o documento como Konder Comparato e Marilena Chauí

Documento assinado por nomes de peso do país, como Fabio Konder Comparato, Marilena Chauí, Cândido Mendes, Celso Amorim, João Pedro Stédile, Leonardo Boff, Luiz Pinguelli Rosa e Maria da Conceição Tavares, alerta para a tentativa de destruição da Petrobras e de seus fornecedores. Eles propõem um pacto pela democracia, e denunciam a intenção de mudança do modelo que rege a exploração de petróleo no Brasil.
"Com efeito, há uma campanha para esvaziar a Petrobras, a única das grandes empresas de petróleo a ter reservas e produção continuamente aumentadas", diz o texto. "Debilitada a Petrobras, âncora do nosso desenvolvimento científico, tecnológico e industrial, serão dizimadas empresas aqui instaladas, responsáveis por mais de 500.000 empregos qualificados, remetendo-nos uma vez mais a uma condição subalterna e colonial." 
Confira o manifesto, na íntegra:
O QUE ESTÁ EM JOGO AGORA
A chamada Operação Lava Jato, a partir da apuração de malfeitos na Petrobras, desencadeou um processo político que coloca em risco conquistas da nossa soberania e a própria democracia.
Com efeito, há uma campanha para esvaziar a Petrobras, a única das grandes empresas de petróleo a ter reservas e produção continuamente aumentadas. Além disso, vem a proposta de entregar o pré-sal às empresas estrangeiras, restabelecendo o regime de concessão, alterado pelo atual regime de partilha, que dá à Petrobras o monopólio do conhecimento da exploração e produção de petróleo em águas ultraprofundas. Essa situação tem lhe valido a conquista dos principais prêmios em congressos internacionais.
Está à vista de todos a voracidade com que interesses geopolíticos dominantes buscam o controle do petróleo no mundo, inclusive através de intervenções militares. Entre nós, esses interesses parecem encontrar eco em uma certa mídia a eles subserviente e em parlamentares com eles alinhados. 
Debilitada a Petrobras, âncora do nosso desenvolvimento científico, tecnológico e industrial, serão dizimadas empresas aqui instaladas, responsáveis por mais de 500.000 empregos qualificados, remetendo-nos uma vez mais a uma condição subalterna e colonial.
Por outro lado, esses mesmos setores estimulam o desgaste do Governo legitimamente eleito, com vista a abreviar o seu mandato. Para tanto, não hesitam em atropelar o Estado de Direito democrático, ao usarem, com estardalhaço, informações parciais e preliminares do Judiciário, da Polícia Federal, do Ministério Público e da própria mídia, na busca de uma comoção nacional que lhes permita alcançar seus objetivos, antinacionais e antidemocráticos.
O Brasil viveu, em 1964, uma experiência da mesma natureza. Custou-nos um longo período de trevas e de arbítrio. Trata-se agora de evitar sua repetição. Conclamamos as forças vivas da Nação a cerrarem fileiras, em uma ampla aliança nacional, acima de interesses partidários ou ideológicos, em torno da democracia e da Petrobras, o nosso principal símbolo de soberania.
20 de fevereiro de 2015
Alberto Passos Guimarães Filho
Aldo Arantes
Ana Maria Costa
Ana Tereza Pereira
Cândido Mendes
Carlos Medeiros
Carlos Moura
Claudius Ceccon
Celso Amorim
Celso Pinto de Melo
D. Demetrio Valentini
Emir Sader
Ennio Candotti
Fabio Konder Comparato
Franklin Martins
Jether Ramalho
José Noronha
Ivone Gebara
João Pedro Stédile
José Jofilly
José Luiz Fiori
José Paulo Sepúlveda Pertence
Ladislau Dowbor
Leonardo Boff
Ligia Bahia
Lucia Ribeiro
Luiz Alberto Gomez de Souza
Luiz Pinguelli Rosa
Magali do Nascimento Cunha
Marcelo Timotheo da Costa
Marco Antonio Raupp
Maria Clara Bingemer
Maria da Conceição Tavares
Maria Helena Arrochelas
Maria José Sousa dos Santos
Marilena Chauí
Marilene Correa
Otavio Alves Velho
Paulo José
Reinaldo Guimarães
Ricardo Bielschowsky
Roberto Amaral
Samuel Pinheiro Guimarães
Sergio Mascarenhas
Sergio Rezende
Silvio Tendler
Sonia Fleury
Waldir Pires
COMENTÁRIO DO PROF. OCTAVIO GOUVEIA:
 Caso voce se inclua no perfil acima, acrescente seu nome nesta lista, ou simplesmente divulgue verdades sobre a PETROBRAS e ajude a denunciar mentiras mal intencionadas sobre a empresa.
Identificar e prender os corruptos da empresa sim !
Difamar a empresa para privatizá-la não !


http://www.jb.com.br/pais/noticias/2015/02/21/intelectuais-denunciam-golpe-contra-petrobras-em-manifesto/






Coppe alerta para consequências de uso político do caso da Petrobras

É preciso julgar e punir, mas também proteger interesses do país, dizem especialistas


Jornal do BrasilPamela Mascarenhas




O desenrolar, a repercussão e o uso do caso de corrupção na Petrobras têm preocupado alguns brasileiros, principalmente os que conhecem bem o funcionamento e a importância da estatal para o país, e ainda os interesses econômicos e geopolíticos do mercado internacional. Atenta e preocupada com os impactos de um "terceiro turno" eleitoral ou de uma possível tentativa de intervenção com interesses duvidosos na estatal, a Coppe UFRJ realizou nesta quinta-feira (18) o debate "A crise da Petrobras", com a participação do reitor da UFRJ, Carlos Levi, do diretor da Coppe, Luiz Pinguelli Rosa, de professores do instituto, de engenheiros da área do petróleo, de representantes de trabalhadores da Petrobras,  e do jornalista e economista George Vidor.
A cada novo capítulo da Operação Lava Jato e também com o embate geopolítico no mercado de petróleo entre Estados Unidos, Rússia, Europa, Venezuela e Arábia Saudita, a Petrobras sofre novas perdas. Os ADRs (American Depositary Receipts) da Petrobras, recibos que representam ações e são listados na Bolsa de Valores de Nova York, chegaram próximo a US$ 6 no início da semana. A máxima nos últimos 12 meses foi de US$ 21 e, em 2008, com o anúncio do pré-sal, tinha alcançado os US$ 100. Na segunda-feira (18), o Credit Suisse cortou o preço-alvo das ADRs de US$ 14 para US$ 7,30.
A Security Exchange Commission (SEC) ainda iniciou uma investigação que pode suspender os ADRs na Bolsa de Nova York. Cerca de 40% de todos os negócios com papéis da Petrobras no mundo passam pelo mercado americano. A Petrobras também está sob investigação do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, que analisa potenciais violações à legislação do país contra corrupção no exterior. Empresas de advocacia norte-americanas movimentam uma ação coletiva contra a empresa que, dependendo das interpretações que forem adotadas, podem significar um grave prejuízo. 





Diretor da Copppe/UFRJ, Luiz Pinguelli Rosa: "É uma exploração política, como todos estão dizendo, um terceiro turno, uma tentativa de mobilizar o governo da Dilma nesse início, há outras intenções."
Diretor da Copppe/UFRJ, Luiz Pinguelli Rosa: "É uma exploração política, como todos estão dizendo, um terceiro turno, uma tentativa de mobilizar o governo da Dilma nesse início, há outras intenções."

Luiz Pinguelli Rosa, diretor da Coppe, em conversa com a imprensa após o evento, ressalta que a Petrobras precisa sobreviver, se equacionar, punir os culpados, internamente e na Justiça, afastar os que foram relapsos na gestão e manter a questão tecnológica. Ele salienta, contudo, movimentos externos que prejudicam esse processo. 
Pinguelli acredita que uma mudança de diretoria da estatal, por exemplo, não é um grande problema, apesar de ser uma questão que o mercado financeiro parece exigir. "O mercado tem suas idiossincrasias, mas eu não vejo que isso é um grande problema, do ponto de vista interno, da operação da empresa. Eu acho que alguns diretores podem mudar, outros podem ficar, como os que têm posição chave", destaca o diretor, que também não vê nenhuma culpa do que acontece na presidente Graça Foster. "É uma exploração política, como todos estão dizendo, um terceiro turno, uma tentativa de mobilizar o governo da Dilma nesse início, há outras intenções, internas, que não são puramente apuração e punição, mais que isso, é tentativa de manietar a empresa
Ele lembra a questão dos preços baixos do petróleo, que têm prejudicado fortemente países exportadores como Venezuela e Rússia, mas que também afetam a Petrobras e empresas de menor porte do país. A questão que tem se propagado internacionalmente é que a culpa é da Arábia Saudita, que se recusa a subir seus preços, para prejudicar outros países. "Como foi dito aqui, não é só a Arábia Saudita que está nesse jogo. Em princípio, são os americanos, eles são muito estrategistas. Eles têm como alvo, além da Rússia, hoje acusada por uma questão de briga em sua fronteira, também a Venezuela, que é uma adversária preferencial dos Estados Unidos. Então eu acho que há uma estratégia. Não é apenas um fator econômico de 'caiu o preço do petróleo por questões de mercado'. Não."

Para Pingelli, a questão do preço do petróleo, inclusive pode ter como objetivo também afundar a Petrobras, e transferir a propriedade do pré-sal para outras empresas. "Já se fala em mudar o regime de partilha (estipulado para a exploração do pré-sal), e acabar com os 30% de participação obrigatória da Petrobras. Enfim, o perigo é a Petrobras sofrer mudanças que o próprio governo pode fazer, pressionado. O debate aqui é nessa direção, não deixar o governo ceder nesses pontos."


1 / 23

Sobre os processos contra a estatal nos Estados Unidos, ele reforça: "É uma bola de neve infindável. Acho que era preciso uma estrutura de defesa da Petrobras. Além de punição dos culpados, estancar o processo, chegar a um acordo e punir."
Segen Estefen, professor de Engenharia Oceânica da Coppe, destaca que o patrimônio construído por décadas corre agora o risco de ser perdido, devido ao direcionamento que está sendo dado ao caso, e também às possíveis tentativas de interferência, que talvez tenham outros interesses que não o do país. "O Brasil perder isso é algo muito grave, é gravíssimo. Está muito além da corrupção, que tem ser extirpada. Mas nós não podemos deixar que a Petrobras caia no descrédito popular. Isso é muito grave. Se o Brasil perder a Petrobras, o Brasil vai perder muita coisa."
O debate então, resume Estefen, tinha justamente o objetivo de deixar claro a necessidade de uma posição de defesa da Petrobras, e desta posição chegar à sociedade. "Nós estamos descontentes com a corrupção, queremos que tudo isso acabe, e haja punições. Mas está havendo, eu diria da mídia preponderante, pelo menos, um ataque que deixa a sociedade confusa. Nós não estamos confusos, mas a sociedade está confusa."
Desestabilizar a Petrobras em um momento em que ela constrói uma grande rede de investimentos, que deve trazer retornos para o país, "seria algo desastroso", alerta o professor. "A gente tem que tomar cuidado para não passar para a sociedade que há uma desarticulação total na empresa. A empresa continua trabalhando, continua produzindo, continua avaliando as obras em construção."
"Uma coisa que eu vejo fora do Brasil é uma preocupação dos países desenvolvidos protegerem as suas empresas. E aqui no Brasil, eu não sei se isso também casou com a eleição, mas o que aparenta é o contrário. É um movimento nosso de denegrir a nossa maior empresa, quando nós deveríamos separar o que é a empresa e o que é a corrupção na empresa", completa Estefen.


Algumas lições da crise petrolífera: Só o mercado salva?

Algumas lições da crise petrolífera: Só o mercado salva?. 21691.jpeg
A queda no preço do petróleo apresenta em suas origens - veja que não afirmo como única causa - a política de segurança energética dos Estados Unidos. Esta política tem em seu fundamento a independência do país em relação ao petróleo importado do Oriente Médio.
Wladmir Coelho
"A principal tarefa do setor petrolífero dos Estados Unidos consiste em reduzir os custos da produção para manter a sua posição de liderança no mundo". Alan Greenspan
Política de preços: A origem geopolítica
- Os EUA abandonaram os príncipes da Arábia?
- A segurança energética dos EUA inclui todo o continente americano
- A Petrobras na mira
  
- O retorno da múmia ou a Segurança Continental do general Távora
  
  
Política de preços: A origem geopolítica
A queda no preço do petróleo apresenta em suas origens - veja que não afirmo como única causa - a política de segurança energética dos Estados Unidos. Esta política tem em seu fundamento a independência do país em relação ao petróleo importado do Oriente Médio.

Os EUA abandonaram os príncipes da Arábia?
Ao contrário. Este corte nos valores do petróleo não parece preocupar muito os príncipes proprietários da ARAMCO que participam alegremente, vejam o exemplo da refinaria Motiva Port Arthur, dos investimentos necessários à concretização da política de segurança energética dos EUA.
A refinaria Motiva Port Arthur é a maior e a mais moderna dos Estados Unidos está apta para refinar, inclusive, o óleo de xisto e metade desta empresa pertence aos príncipes.
O envolvimento da nobreza árabe em negócios nos Estados Unidos é amplamente conhecida e inclui a participação da oligarquia dos Bush e a família real "proprietária" do petróleo árabe.
Recordando: Durante o fechamento do espaço aéreo dos Estados Unidos em decorrência dos ataques de 11 de setembro somente um avião comercial recebeu autorização para decolar. Esta aeronave transportava dezenas de príncipes e princesas em direção aos seus respectivos palácios. Oligarquia e monarquia tudo a ver.

A segurança energética dos EUA inclui todo o continente americano
A política de segurança energética dos Estados Unidos não encontra limites territoriais. Vejamos:
a)       No Canadá a produção de areia betuminosa foi dirigida para atender este objetivo embora desorganize a economia canadense atualmente voltada para a exportação de óleo aos EUA;
b)      O governo mexicano, apesar da oposição popular, avança em seu intuito de privatizar a PEMEX garantindo novas áreas produtivas aos interesses de segurança e mercadológico dos EUA;
c)      O controle das Ilhas Malvinas também surge como obstáculo à plena execução do projeto de segurança dos EUA. Um governo nacionalista não convém quando o assunto é petróleo. 
d)      A Venezuela, importante fornecedor dos Estados Unidos, enfrenta problemas para manter a política econômica do petróleo independente. Ao dirigir os recursos decorrentes da exploração ao projeto nacional de desenvolvimento.
A opção evidente dos Estados Unidos é promover a derrubada do presidente Maduro. Fato inédito na história?

Neste ponto precisamos observar que: O governo da Venezuela representa um entrave ao projeto de lucro máximo, mesmo com preços reduzidos, considerando as limitações decorrentes do controle estatal da produção petrolífera.

Nos Estados Unidos os petroleiros estão em greve por aumento de salários e garantias sociais. Este fato não ocorria há 30 anos e mostra o aumento na exploração da mão de obra. O menor preço compensado com maior exploração. A Venezuela representa sim uma barreira ao modelo econômico voltado aos interesses das oligarquias dos Estados Unidos.

Quanto ao aumento da exploração da mão de obra vejam a declaração do ex-diretor da Reserva Federal dos EUA Alan Greenspan: "A principal tarefa do setor petrolífero dos Estados Unidos consiste em reduzir os custos da produção para manter a sua posição de liderança no mundo".
A Petrobras na mira
  
Alguém ainda considera coincidência a campanha contra a Petrobras? Basta uma simples consulta aos grandes jornais para notar a movimentação descarada dos interessados em privatizar a empresa nacional. Perderam totalmente o pudor e assumem a condição de entreguistas oferecendo o patrimônio do povo brasileiro ao deus mercado.

Os jornais brasileiros apresentam a Petrobras como empresa falida ocultando a crise e números negativos das demais petrolíferas. Neste ponto o leitor pergunta: Está bem prof. Wladmir Coelho; Se todas as empresas encontram-se em dificuldades financeiras quem vai comprar a Petrobras?

Respondo: A política de segurança energética dos Estados Unidos apresenta como elemento executor as empresas privadas de petróleo.  O Estado atua como entidade em condições de garantir as estratégias de concentração de mercado apoiando a empresa em melhor condição de controlar as demais. Esta operação é simples e funciona através de fórmulas como acordos comerciais, subsídios, empréstimos financeiros em condições especiais e redução dos encargos trabalhistas. Existindo qualquer entrave para execução destas medidas entra em cena o canhão.

Nenhuma relação com práticas de mercado como andam escrevendo, tentando confundir o povo, nos jornais do Brasil.

Recentemente um grande jornal dos Estados Unidos anunciou que a Exxon seria a empresa ideal para iniciar o processo de aprofundamento da concentração no setor petrolífero.

Vejam bem: A EXXON apresentou queda nos valores de suas ações, anunciou cortes elevados de investimentos, fechou projetos e jornal nenhum do mundo cobrou a troca da direção por nomes mais "identificados com o mercado".  Ao contrário: Os executivos das grandes petroleiras reuniram-se e elegeram o presidente da empresa o melhor administrador do ano de 2014.

O retorno da múmia ou a Segurança Continental do general Távora
Nos anos de 1950 o general Juarez Távora defendia a mesma política ora desenvolvida pelos Estados Unidos. Acompanhado de entreguistas, fardados e civis, viajou o país afirmando o seguinte: O Brasil deve manter a propriedade do bem mineral, mas a exploração econômica deve ficar a cargo das empresas dos Estados Unidos. A alegação para fundamentar esta opinião era a Segurança Continental.
A doutrina defendida pelo general Távora entendia que os Estados Unidos, ao controlar a produção, teriam garantido o acesso ao combustível necessário a proteção e defesa do continente. Naquela época a ameaça de plantão eram os soviéticos.
O povo brasileiro não aceitou esta balela e foi às ruas exigir a criação de uma empresa nacional para garantir a auto-suficiência. 60 anos passaram-se e continuam os ataques contra a vontade popular. 




domingo, 8 de fevereiro de 2015

contra a PETROBRAS !

Querem entregar o pré-sal às multinacionais de petróleo ! Acorda Brasil !


Destruir a Petrobras e preparar um impeachment

Estamos novamente numa luta semelhante à do passado. Agora, com o mote, 'o pré-sal tem que ser nosso'. Há uma pressão enorme para mudar regra da sua exploração.


 As duas medidas assinaladas no título acima são as manobras de uma direita sem programa que, como o eterno udenismo, só tem uma saída, entreguista e golpista. Em dezembro publiquei o texto abaixo que mantém sua atualidade.


Ampliação da Frente de lutas: do social ao nacional


O clima político atual se parece muito mais com o de 1954 do que com aquele de 1964. Getulio fora eleito em 1950, depois de uma campanha memorável, com 48,73% dos votos válidos, pouco menos da metade. Não tendo alcançado, por pouco, a maioria absoluta, Aliomar Baleeiro, da banda de música da UDN, pediu a anulação das eleições. Ecoavam as diatribes raivosas de Carlos Lacerda, lançadas já antes do pleito: “O senador Getúlio Vargas não deve ser candidato. Candidato, não deve ser eleito. Eleito, não deve tomar posse”.
 
Agora temos um tom mais aveludado com FHC, que indica “a legalidade da vitória (de Dilma), mas sua discutível legitimidade”. E insinua, em palestra na Academia Brasileira de Letras: “dada a situação política e o constrangimento para mudar essa situação, não é de estranhar-se que no Brasil a solução para o imbróglio político não venha a partir do sistema político mas do sistema judicial”. A saída seria uma “judicialização das decisões”. Não um impeachment vindo pelo legislativo, mas uma decisão de fato golpista pelo poder judiciário. Juarez Guimarães, em artigo instigante, desoculta um possível caminho tucano na direção de uma tentativa de golpe. Antes de mais nada, temos que ser claros: não podemos aceitar a ideia de estarmos num terceiro turno. Dilma é a presidenta eleita por mais quatro anos e o candidato que perdeu não passa de um senador da oposição, em que pese um tom azedo e revanchista de quem não digeriu a derrota.

Os três mandatos anteriores, Lula-Dilma, tiveram como resultado uma série de impressionantes programas de inclusão, quando 50 milhões de brasileiros ascenderam na escala social e saíram dos níveis da pobreza. Temos também uma situação de, praticamente, pleno emprego. Isso foi, em parte, um dos fatores da vitória de Dilma e ainda hoje, apesar do torpedeamento implacável da mídia, 50% da população indica a expectativa de que ela terá um desempenho entre ótimo e bom no próximo mandato. Mas falta muito a fazer em áreas como educação, saúde, segurança, etc. Sem falar na necessidade de uma reforma política, uma efetiva reforma agrária e novas demarcações de terras indígenas. Além disso, seria necessário passar da simples inclusão, para reduzir as desigualdades sociais que ainda são enormes.
 
O recente livro de Thomas Piketty, independentemente de críticas à sua análise, aponta, com dados concretos, o crescimento das desigualdades, que seguirá se não se tomarem medidas concretas, tais como impostos sobre a riqueza. Obama não conseguiu dobrar um congresso conservador, na tributação das grandes fortunas. E aí está o centro do problema: a necessidade de uma reforma fiscal drástica. É difícil pensar isso, num legislativo que terá o continuísmo no Senado de Renan Calheiros e a ameaça de uma presidência da Câmara nas mãos de um Eduardo Cunha, distribuidor de benesses de origem duvidosa. Tarso Genro, em artigo recente, com a lucidez que lhe é própria, fala de criar um novo ponto de equilíbrio, até agora nas mãos do PMDB centrista. E propõe para a frente, uma aliança democrática de esquerda, que atravessaria partidos da atual aliança, incluindo setores de partido como o PSOL, movimentos como o MST, personalidades progressistas como Bresser Pereira, Maria Rita Khell, Pedro Dallari e a própria Marina Silva.

A entrada no governo de Joaquim Levy levanta preocupantes interrogações. Talvez represente agora, o que foi a “Carta ao povo brasileiro” no primeiro governo Lula. Num momento de dificuldades econômicas no país e na conjuntura internacional, sua presença poderia apaziguar um mercado nervoso e volátil, figura de retórica que esconde as jogadas do grande capital e dos especuladores. O importante é que, pela mão firme de Dilma, os avanços sociais não sejam travados por medidas de ortodoxia neoliberal.

Mas quero referir-me a outro elemento, que me parece no momento imediato o mais fundamental. E aqui reencontramos novamente 1954. Venho de uma geração que lutou pelo “o petróleo é nosso”. Num primeiro tempo, estava a afirmação dos setores da direita, de que o Brasil não tinha petróleo em seu solo e teríamos então que depender das grandes empresas internacionais para alimentar o mercado interno. Mas apesar de fortes repressões, em 1936, começou a surgir petróleo em Lobato, no recôncavo baiano. Num belo acaso, fazia lembrar o escritor Monteiro Lobato, que insistia com denodo, na existência de petróleo no país. Na literatura infantil, escreveu o precioso “O poço do visconde”, petróleo jorrando no Sítio do Picapau Amarelo, que líamos na infância e juventude, descobrindo dali a luta nacionalista.  Mas com a comprovação de que havia petróleo no Brassil, os então chamados “entreguistas”, tiveram de mudar o discurso e passaram a dizer que não tínhamos competência técnica e seriam as grandes empresas, Esso, Shell, as que  poderiam fazer a prospecção e a extração do petróleo.
 
Em sentido contrário, cresceu uma luta de muitos setores da sociedade, da juventude a setores nacionalistas no Clube Militar. Essa mobilização patriota levou à lei 2004 de 1953, que criou o monopólio estatal de exploração, refino e transporte. E a Petrobras transformou-se, com o correr dos anos, numa das empresas mais importantes e exitosas a nível mundial. É a nona entre as empresas petroleiras. Na lista Forbes das grandes empresas internacionais, aparecia em 10º lugar em 2012 ( caiu para o 30º posto neste ano, em virtude da crise atual, à qual voltarei adiante). O país tornou-se autosuficiente e exportador. Porém esse monopólio foi quebrado no governo FHC, com a Lei do Petróleo 9.478, em 1997, em que o setor privado passou a participar na pesquisa, exploração, extração, refino e distribuição, no regime de concessões. Está integrada, no que Amaury Ribeiro Jr. chamou, “a privataria tucana”.

Mas veio então a tremenda descoberta do pré-sal, abrindo nova dimensão na produção petroleira. Aí, no governo Lula, para esse enorme pré-sal, começou um novo regime de partilha, em que a Petrobras passou a ser a operadora única do pré-sal, num regime  no qual o petróleo extraído será do governo, dividindo com empresas que vencerem leilões, parte do óleo obtido nos campos.

E estamos novamente numa luta com semelhanças à do passado. Agora, vem o mote, “o pré-sal tem que ser nosso”. É quando chega uma pressão enorme para mudar a regra da sua exploração. O Globo, de 16 de dezembro, proclama em editorial: “Monopólio de fato do pré-sal não faz sentido”. E um articulista, nesse diário, na véspera, propõe refundar a Petrobras. Não pode deixar de admitir que “a Petrobras tem um quadro técnico altamente qualificado, é detentora de tecnologia de explorar petróleo no mar e possui a quarta reserva de petróleo do mundo”. Só isso já credenciaria o país para manter o monopólio. Porém o autor do texto citado chega a uma conclusão oposta, saída do receituário neoliberal, de crença quase religiosa nas leis do mercado: a Petrobras estaria então preparada para atuar num mercado competitivo, com políticas que incentivariam a concorrência. Mas podemos raciocinar em sentido contrário. Por ter quadros técnicos competentes e tecnologia de exploração em áreas profundas do oceano, pode operar em base estatal, num regime de partilha, que irá permitir que resultados enormes do pré-sal venham para o país e irriguem seus programas sociais. Por trás da proposta de querer acabar com o regime de partilha e voltar para o de concessão, há o apetite visível do grande capital para entrar em cheio nesse programa tão suculento. Os privatistas argumentam que o regime de partilha afugentaria capitais e empresas. Mas já se sabe que a Shell, por exemplo, não pretende reduzir planos de investimentos, dentro do atual regime.

Que falta fazem Leonel Brizola e Darcy Ribeiro, com um profundo sentido do nacional! Felizmente Lula sempre se colocou nessa direção. E Dilma vem da tradição de um primeiro PDT nacionalista, para um PT das conquistas populares e da luta pela soberania nacional.

Entretanto, a campanha contra a Petrobras é feroz. Dia após dia, vem a manchete repetitiva de um dos matutinos: “Escândalos em série”. Tenta-se predizer que “a Petrobras derrete” (O Dia, 16/12). E através das informações da Operação Lava-Jato, que vão transpirando curiosamente em conta-gotas, se quer dessangrar a Petrobras e mostrá-la como uma empresa tendencialmente inviável. Mas atenção. Em primeiro lugar, os escândalos e a gatunagem na Petrobras são antigos. Indica o engenheiro Helio Amorim, conhecedor do problema: “Ao longo de seus sessenta anos não foram poucos os deslizes marcados por propinas e desvios de dinheiro nos mais altos escalões de gestores da empresa”.  Fala então de assaltos bilionários. Cita Ancelmo Gois, que listou uma série de casos escabrosos, como quando Jango demitiu, em 1964, às vésperas do golpe, toda a diretoria da Petrobrás, pela negociação de contratos ruinosos. No período FHC, lembra Amorim, foi denunciado e frustrado um contrato de exclusividade com uma das empresas do cartel na petroquímica. Já no governo Lula, a operação Águas Profundas apurou desvios de mais de 200 milhões. Tudo isso não evitou a Petrobras de estar entre as principais empresas a nível internacional.

O importante, nos governos Lula-Dilma, é que temos agora uma enorme liberdade para investigar, denunciar e punir. Nunca se viu antes a prisão de diretores das grandes empreiteiras, a denúncia e encarceramento de dirigentes corruptos da empresa e, logo, começa a vazar uma ainda discutível lista de parlamentares e políticos, surgidos na delação premiada, sujeita ainda a séria comprovação. O governo cria condições, pelo Ministério da Justiça, de ampla liberdade para os promotores, a polícia federal e juízes. O Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, nomeado pela presidência do país, mas com independência funcional, como chefe do Ministério Público, está pedindo a punição de todos os implicados na corrupção e exige rigor e transparência, sugerindo inclusive a demissão de diretores da Petrobras. O abscesso está sendo, em boa hora, lancetado. 

Causou espécie o primeiro texto do relator da Comissão Mixta do Congresso, o deputado Marco Maia (PT-RS), extremamente vago e que teve de ser refeito, com constrangimento, à luz de denúncias que iam surgindo. Mas a presidenta Dilma declarou que os resultados da apuração da corrupção só podem beneficiar o governo e a Petrobras. Essa profilaxia, longe de enfraquecer a empresa, vai fortalecê-la, livrando-a de quadros corruptos e de ligações criminosas. Faça-se justiça, doa a quem doer. Desse processo sairá uma Petrobras mais robusta, para recuperar sua posição no ranking mundial. O dirigente histórico do PT, Olívio Dutra, como já fizera no tempo do chamado mensalão, pede a expulsão imediata no seu partido, dos implicados na corrupção.  

Volta sempre a sombra de 1954. E vale lembrar trechos significativos da carta testamento de Getúlio: “A campanha subterrânea dos grupos internacionais aliou-se a dos grupos nacionais... (Eu) quis criar a liberdade nacional na potencialização de nossas riquezas através da Petrobras, e mal começou a funcionar, a onda de agitação se avoluma.... Não querem que o trabalhador seja livre. Não querem que o povo seja independente.” Aqui estão, lado a lado, as duas lutas: pelo povo e pela soberania nacional. Não foi a toa que FHC proclamou apressadamente o fim da era Vargas.

Causa espécie ver como se fala pouco da construção da nação e de sua defesa. O governo, a Petrobras e a base de apoio parlamentar estão calados, na defensiva, reagindo a posteriori diante de cada fato que vai aos poucos aparecendo. Essa posição reativa vai sendo intolerável. Lembrei antes, a médio prazo, a criação de uma aliança democrática de esquerda. Mas há uma aliança mais imediata, tendo a Petrobras como referência: uma grande aliança em torno ao tema da defesa da nação. Ivo Lesbaupin escreveu, faz anos, durante o reinado tucano, sobre o desmonte e o sucateamento do país. Ele está sendo reproposto agora, pelo mesmo PSDB. Seu líder no Senado, Aloysio Nunes, protocolou em 19 de dezembro, um projeto para extinguir o regime de partilha no pré-sal, e retornar assim ao regime de concessão de 1997, criado durante o governo de seu partido. Para ele, “ao introduzir o regime de partilha da produção o governo matou nossa galinha de ovos de ouro que é o petróleo do pré-sal”. Ovos de ouro para quem, cara pálida? Ele ameaça com uma fuga de investidores. É para eles que se dirige seu projeto. Não interessaria à nação, mas ao apetite dos capitais internacionais.

É urgente, pois, a criação de uma frente ampla nacionalista, como aquela do começo dos anos sessenta. Para encabeçar com legitimidade essa aliança, seria necessário que o PT fosse refundado, superando um desenho aparelhista, concebido por dirigentes no começo dos anos 2000, com o propósito de  apoderar-se do governo. Numa outra direção, sob o comando da presidenta Dilma e com a presença e apoio de Lula, o partido, redescobrindo sua orientação original, além de colocar-se a serviço das grandes causas das políticas sociais como vem fazendo, teria agora que sustentar fortemente a causa nacional. Pode-se ter uma aliança nacionalista ainda mais ampla do que a proposta atrás. Aquela militância que saiu às ruas nas últimas semanas do segundo turno e que foi fator determinante da vitória de Dilma, deveria voltar, numa campanha pela defesa do pré-sal, num grande espectro de alianças. Como mobilizar os estudantes, que teriam que perceber que os ganhos do pré-sal irão para a educação? Infelizmente, os movimentos estudantis não tem aquela legitimidade da UNE no pré-golpe; hoje estão aprisionados e aparelhados dentro de um partido. E como conseguir convocar a juventude em geral, que saiu às ruas em julho do ano passado? Onde está o dinamismo do movimento sindical, em parte cooptado pelo aparelho do estado, como muitos movimentos sociais? Ainda bem que temos um MST sempre vigilante e implacável. Ele poderia estar na base de um grande movimento de defesa da nação ameaçada.

 Às vezes, na esquerda, a dimensão nacional não desperta a mesma atenção do que a causa das classes subalternas. Mas na grande história, esta última, depende de termos uma nação independente e livre. O pré-sal poderá dar bases materiais para políticas sociais ainda mais ousadas. E, quem sabe, iniciar medidas para enfrentar as fortes desigualdades que ainda permanecem, num país, infelizmente, com elites atrasadas e tacanhas. A pressão popular e de movimentos sociais e sindicais renovados, pareceria ser, a partir da sociedade, o caminho para vencer as tentativas golpistas e entreguistas.