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sexta-feira, 29 de agosto de 2014

PRÉ-SAL EM SEGUNDO PLANO ! TRAIÇÃO AO BRASIL ! A FAVOR DE INTERESSES INTERNACIONAIS


Campanha de Marina deixa pré-sal em segundo plano no programa de governo

Candidata prioriza energia menos poluente e diminui importância do Mercosul

Resposta dos trabalhadores rurais da base territorial do Sindicato de Xapuri (Acre), verdadeiros amigos de Chico Mendes:  
      -   Não concordamos com a atual política ambiental em curso no Brasil idealizada pela candidata Marina Silva enquanto Ministra do Meio Ambiente, refém de um modelo santuarista e de grandes Ong’s internacionais. Essa política prejudica a manutenção da cultura tradicional de manejo da floresta e a subsistência, e favorece empresários que, devido ao alto grau de burocratização, conseguem legalmente devastar, enquanto os habitantes das florestas cometem crimes ambientais.


Prof. Octavio Gouveia

EU SOU VERDE !

 e AMARELO !

Ninguém seria eleito se dizendo contrário aos interesses nacionais !  É preciso se dizer ecologicamente correto !  VERDE !
Tal qual os militares brasileiros e a esmagadora maioria dos bons brasileiros,  meu coração também é VERDE !  O verde que aprendi a amar é o da Bandeira do Brasil !
Não é possível desconsiderarmos a importância das questões ambientais na atual conjuntura mundial !
Como Leonardo Boff me ensinou, o mundo encontra-se diante de uma encruzilhada: Ou reconsidera suas práticas de consumo capitalista desenfreado, (enorme consumo de energia) ou falirá em menos de dois séculos. Falência motivada pelo esgotamento das reservas naturais de matérias-primas essenciais à manutenção e funcionamento das empresas que mantém o sistema de produção capitalista atual.

A MATÉRIA-PRIMA QUE SE ESGOTARÁ EM POUCAS DÉCADAS SE CHAMA : PETRÓLEO !

Portanto, buscar energias mais limpas é uma necessidade !

Vale aqui destacar que:

1) Toda produção de energia gera desenvolvimento e algum passivo ambiental (poluição). Acreditar em energia limpa é acreditar em PAPAI NOEL ou CEGONHA ! Fácil para quem desconhece o assunto ou para quem se aproveita do desconhecimento do povo brasileiro !

2) Os sistemas geradores de energia são complementares, todos tem vantagens e desvantagens em todas as áreas. Cada tipo de energia tem uma vantagem (GERAR DESENVOLVIMENTO) e várias desvantagens. Me refiro a vantagens e desvantagens econômicas, tecnológicas e ambientais !

3) O Brasil tem enorme potencial em todos os tipos de energia e deve desenvolver todos estes tipos ! Até para que possa dosar um ou outro, dependendo da vantagem que quiser produzir numa ou noutra região deste País Continente. Não se pode desprezar nenhum tipo, principalmente pq nenhum deles é TOTALMENTE CORRETO AMBIENTALMENTE !
 Exemplo: Vinhoto, vinhaça, tiborna ou restilo é o resíduo pastoso e malcheiroso que sobra após a destilação fracionada do caldo de cana-de-açúcar (garapa) fermentado, para a obtenção do etanol (álcool etílico). Para cada litro de álcool produzido, 12 litros de vinhoto são deixados como resíduo.1
Quando jogado nos rios constitui uma séria fonte de poluição.
4) ALGUNS TIPOS DE ENERGIA SÃO "MAIS CORRETOS" PARA FINANCIAR O INTERESSE DE ALGUNS POLÍTICOS (PRINCIPALMENTE OS QUE NÃO TENHAM PARTIDO POLÍTICO). E PRINCIPALMENTE OS QUE NÃO AMAM O VERDE DA NOSSA BANDEIRA !

O assunto ENERGIA é muito complexo e sempre envolve enormes interesses geopolíticos e estratégicos ! Por isto não há nenhuma decisão neste setor isenta de consequências sociais e econômicas. Quando os políticos decidem por uma opção energética, certamente estão comprometidos com poderosos ! A pergunta que fica :
   Com quem este político se comprometeu ao tomar aquela decisão ENERGÉTICA ?

Quando digo "QUEM" me refiro a grandes empresas e conglomerados econômicos ! Melhor, me refiro a países e grupos empresariais multinacionais !

Vale aqui destacar que :

1) Os EUA (EXXON-MOBIL) e a Inglaterra (SHELL) consumiram até hoje dois terços do petróleo mundial ! Isto explica seu enorme desenvolvimento econômico, industrial e social ! E o enorme passivo ambiental (problemão) para a humanidade. O efeito estufa. Nem por isso abrirão mão de usurpar o que ainda resta de petróleo pelo mundo ! Vide atual Iraque. Pense no pré-sal brasileiro. Será que há algum inocente acreditando que não há interesse anglo-americano no nosso petróleo ?

1.1) IMPORTANTEeeeeeee !  Estas duas empresas (EXXON-MOBIL e SHELL) estão sem reservas de petróleo ! São sustentadas pelo petróleo do Iraque ! (País ocupado militarmente há mais de dez anos pela união SAFADA e ANTI-HUMANITÁRIA destas duas nações que explorarão o Iraque até sugar a sua última gota de petróleo !  Apesar das promessas de campanha do Sr. Obama continuam lá ocupando o desgraçado País do Oriente Médio ! Pq não mandam a Marina pra lá ? Deveriam sugerir a ela botar em segundo plano a produção de petróleo do Iraque !  Seria fuzilada pelo Titio Obama ! Pois estaria decretando a decadência dos EUA ! Este País, face ao gigantismo da sua indústria não tem como abrir mão do petróleo iraquiano. Que se dane questões ambientais ou humanitárias ! O Iraque é dos EUA ! Quando acabar o petróleo persa (aproximadamente mais sete anos, segundo a revista PIW - Petroleum Inteligence Weekly), os EUA sairão de lá e darão eleições "livres" ao povo iraquiano ! Ha ha ha ! Estarão enfim livres e desgraçados para sempre !

1.2) Aí os OUR FRIENDS americanos e ingleses, virão de vez para cá "dar um HELP" na exploração do pré-sal. (Sir Marina Sillva) o colocará em SEGUNDO PLANO, segundo sua ecológica promessa de campanha. Estará assim dando um tempo, para que a PETROBRAS se enfraqueça de vez e precise então ao final do GREEN GOVERNMENT de Sir Marina Shell Silva, de um "LITTLE HELP" das irmãs SHELL-EXXON-MOBIL-CHEVRON-BP. Festa futura na Bacia de Campos. Sir Marina Shell Silva condecorada na Abadia de Westminster e a PETROBRAS ganhará nome mais pomposo: SHELLBRAS !!!!!!!!!

2)  Os dois países (EUA e Reino Unido), buscam alternativas ao PETRÓLEO! Buscam! Não encontram!

3) Por enquanto a grande alternativa aos combustíveis fósseis se chama: BIOMASSA! ETANOL!
    O fato real é que o Reino Unido não tem território para plantar. Ou seja, a biomassa não é opção para eles ! Nos EUA, seu território disponível para plantação, já se encontra totalmente utilizado para a produção de grãos (alimentos). Não há "novas fronteiras" , terras sem produção disponíveis ao plantio  da biomassa !

4) E a solar, não é alternativa aos EUA e INGLATERRA ? Também não. De forma simples, por razões geográficas ! A linha do equador passa em cima da Amazônia Brasileira e não passa em cima de Londres e Nova York. Se ela fosse removível os ingleses e americanos já teriam puxado a linha do equador para cima do território deles !  kkkkkkkkkkkkk  !

5) Ou seja, sem BIOMASSA e sem SOL eles terão que continuar a usar PETRÓLEO ! A pergunta que não quer calar: PETRÓLEO de onde ?  O do oriente médio encontra-se numa região CONFLAGRADA ! De futuro certo !  GUERRAS e INSTABILIDADE POLÍTICA CRESCENTE !

Repete-se então a  pergunta:

6) PETRÓLEO de onde ?
Eis a resposta dada pela nossa candidata VERDE :

Campanha de Marina deixa pré-sal em segundo plano no programa de governo

Candidata prioriza energia menos poluente e diminui importância do Mercosul

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Prof. Octavio Gouveia

Lembram do que escrevi anteriormente ? Qual tipo de energia substituirá o PETRÓLEO ?
Resposta: o ETANOL.  

Resumindo o programa de governo VERDE:
Encomenda dos nossos FRIENDS lá do Norte !

O Brasil incentivará o ÁLCOOL (em uma década poderá triplicar a produção com incentivos do GRANDE GOVERNO VERDE - sugestão de nome para o novo partido da candidata Marina: GGV ! ). Nosso BNDES passará a financiar o aumento da produção de etanol (em 20 anos estaremos suprindo a demanda dos FRIENDS americanos e ingleses).  Até lá, vamos devagarinho diminuindo a produção do pré-sal, vamos falindo devagarinho a PETROBRAS, e aí ??????   Aí então, ficará o petróleo do pré-sal livre, para os amiguinhos (FRIENDS) da EXXON-MOBIL e da SHELL explorarem ele !  Isto é bem legal pq ajudaria aos nossos FRIENDS a enfim, poder deixar em paz os infelizes iraquianos ! 

Veja que plano sensacional do partido GGV, Grande Governo Verde da Exma. Sir Marina Sillva !

ESTAREMOS REPETINDO NOSSO MODELO DE 500 ANOS !
EXPORTANDO MATÉRIAS-PRIMAS PARA NOSSOS FRIENDS e comprando industrializados !

O beneficiamento destas matérias-primas (Petróleo cru e etanol) ocorrerá lá ! Nós exportando comodities (petróleo do pré-sal e etanol) e importando manufaturados (derivados petroquímicos do petróleo e do etanol). 

COM EXCELENTES CONSEQUÊNCIAS: (Benefícios Ecológicos e sociais !!!! )

1) OS FRIENDS (EUA e INGLATERRA) irão economizar com a Guerra do Iraque. Poderão economizar trilhões de dólares na desocupação do Iraque. E quem sabe investir no nosso BNDES. Que irá priorizar a produção de ETANOL para eles ! Quanta amizade ! (Veja que o programa do partido GGV da Exma. Sir Marina Sillva, fala em MENOS PRIORIDADE AO MERCOSUL E ESTABELECIMENTO DE RELAÇÕES COMERCIAIS BILATERAIS ! Com quais países ?  Dou um docinho pra quem acertar !

2) A PETROBRAS se chamará SHELLBRAS ! Nome muito mais elegante e globalizado !

3) O pré-sal se chamará pró-shell !

4) O Brasil se tornará um grande latifúndio de cana-de-açucar, garantindo para sempre a paz no campo ! Todas as terras estarão plantadas para suprir a demanda de ÁLCOOL dos nossos FRIENDS e assim, não mais havendo terras improdutivas, não teremos mais que nos preocupar com invasões de terra. A paz no campo (um pé de cana de açucar não briga com outro). Tráfico de drogas liberado nas favelas ( Dona M. Shell Sillva já disse que governará com plebiscitos constantes e priorizará a liberação das drogas). Fumaça e paz nas favelas !

5) Reforma agrária nunca mais ! O Brasil não terá nunca mais terras improdutivas ! Seremos cana-de-açucar. Do Oiapoque ao Chuí ! Que legal !

6) UPPs forever !!!!!!!!!!!!!!!

7) E o futuro das Forças Armadas ? Militares brasileiros ? Pra que ? Este será outro plebiscito de Sir M. Shell Silva. Perguntará se o Brasil precisa de Forças Armadas ? Qual resposta vc acha que vencerá ? Lembre-se: com ajuda da REDE gllobo e de seus artistas pregando a paz e o desarmamento ! Com a propaganda VERDE, de que todo estes recursos gastos inutilmente com os militares, será enfim investido na saúde, na educação e na segurança pública ! Pra que Forças Armadas ? Ainda mais com OUR FRIENDS para nos PROTEGER. They are called: Uniteds States Mariners (Marinha de Guerra Americana) para proteger o pré-sal, perdão, o pró-Shell e no ar a proteção da Real Air Force (RAF inglesa) garantindo a segurança da Amazônia Azul(pró-Shell, atual pré-sal). Durmam em paz, no Brasil VERDE ecologicamente correto não mais precisaremos de militares. Teremos ajuda e proteçao dos nossos amigos FRIENDS do norte ávidos por petróleo !

 (Se acham que estou brincando ou exagerando, leiam o que esta escrito no chamado CONSENSO DE WASHINGTON).

E na mais nova doutrina militar americana chamada:

full spectrum dominance

8) Prefiro ficar com o verde da nossa bandeira !!!!!!!!!!!!

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

ESTÁGIO na PETROBRAS DISTRIBUIDORA (BR)

A Petrobras Distribuidora abriu seleção para estagiários de níveis superior e médio/técnico em todo o Brasil. A quantidade de vagas não foi informada, pois, de acordo com a empresa, vai depender da demanda de cada área. Hoje, a estatal conta com 302 estagiários em todo o país. Na Bahia, há oportunidades para estudantes de Administração, Arquitetura e Urbanismo, Direito, engenharias (Civil, Química e Mecânica) e Serviço Social, além de alunos dos cursos técnicos em Segurança do Trabalho, Administração, Gestão e Informática. Para participar, os candidatos devem cursar os dois últimos anos da graduação ou do curso técnico. Quem já concluiu o curso também pode se candidatar, desde que a instituição de ensino informe que o estágio é condição indispensável para a obtenção de certificado ou diploma. O valor da bolsa é de R$ 616,43, R$ 729,07 ou R$ 898,02, a depender do nível de escolaridade e da carga horária (4 ou 6 horas). As inscrições seguem até 14 de outubro pelo site www.br.com.br. A seleção será feita basicamente por entrevista. Quem quiser, pode tirar dúvidas através do telefone 0800 728 9001. O estágio possui duração de 12 meses, com exceção dos estágios de Direito que podem ficar por dois anos.

INSCRIÇÕES ATÉ 14 de OUTUBRO de 2014 (CLIQUE AQUI E INSCREVA-SE JÁ)

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

CAMPO DE LIBRA : O PRÉ-SAL A PARTIR de 2020

Esta reportagem mostra o gigantismo e a importância do PRÉ-SAL e da PETROBRAS a partir de 2020 !

Ainda há quem diga que existe crise na PETROBRAS !

Imaginem se não houvesse crise !

Muitas multinacionais de petróleo gostariam de estar passando por esta "crise" !   Estariam rindo à toa !

AVANTE PETROBRAS !

bilhões em investimentos, milhares de novos empregos, desenvolvimento científico e tecnológico, grandiosos investimentos na Universidade e na educação em geral !

SE ISTO é "CRISE", que nunca mais o Brasil saia dela !!!!!!!!!!!!!  



O MERGULHO NO GIGANTE DO PRÉ-SAL
Por Cláudio Motta

Maior área de exploração do mundo, segundo a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Libra foi arrematada há quase um ano pelo consórcio formado pela Petrobras (40%), pela anglo-holandesa Shell e pela francesa Total (ambas com 20%), além das chinesas CNPC (10%) e Cnooc (10%). As companhias vão somar esforços, ao lado da Pré-Sal Petróleo S.A. (PPSA), para atuar em um campo que se espalha por 1,5 mil quilômetros quadrados (equivalente à cidade de São Paulo) e está localizado em águas ultraprofundas da Bacia de Santos, no polígono do pré-sal. Um gigante que já mobiliza o mercado. 

Em setembro, deverá ser concluído o processo iniciado em março de 2014 para a contratação do FPSO (floating production, storage and offloading, uma unidade flutuante de produção, armazenamento e descarga), informa a Petrobras. Ainda neste semestre, deverão ser iniciadas as operações de perfuração dos dois poços do Programa Exploratório Mínimo (PEM) de Libra, “cumprindo, assim, o compromisso firmado pelo consórcio vencedor do leilão”, explica a gerente executiva da Petrobras para a área de Libra, Anelise Quintão Lara. 

Além da perfuração dos dois poços, o PEM prevê a aquisição sísmica 3D de toda a área do bloco e a realização de um Teste de Longa Duração (TLD). O trabalho exploratório deve estar concluído até o fim de 2017, de acordo com informações da executiva da Petrobras em entrevista exclusiva à revista Brazilian Business. 

Esses estudos vão ajudar a definir detalhes do modelo ótimo de produção para o bloco de Libra. A primeira estimativa da Petrobras calcula que sejam necessários 12 sistemas de produção para operar na área. “O projeto Libra deverá gerar um impacto significativo não só na cadeia de fornecedores brasileiros do setor de petróleo e gás, mas também entre as empresas estrangeiras interessadas em desenvolver negócios no Brasil. A primeira plataforma de Libra deverá entrar em operação em 2020, e as outras 11 estão previstas para começar a produzir entre 2020 e 2030”, diz Anelise. 

A cada decisão do consórcio que vai explorar Libra – liderado pela Petrobras –, toda a cadeia do setor fica atenta. A escolha do FPSO é uma peça-chave para que o mercado colha evidências robustas sobre novas oportunidades que devem surgir. “As estimativas iniciais apontam para investimentos de cerca de US$ 100 bilhões ao longo do desenvolvimento da produção. Esses números são impressionantes e impactariam a atividade em qualquer lugar do mundo. Essa escala potencializa a atração e o desenvolvimento de novos fornecedores no País”, analisa Eloi Fernández y Fernández, diretor-geral da Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip). 

Grandes players consideram que 2014 e 2015 devem ser encarados como anos de transição e consolidação para a indústria de serviços de petróleo. “O mercado prepara para atender as demandas geradas pelas rodadas 11, 12 e Libra, o que deve acontecer nos próximos três anos. No cenário atual, as companhias aguardam mais visibilidade para os planos de exploração e desenvolvimento do campo de Libra”, diz José Firmo, presidente da Schlumberger. “Libra, como já conhecemos, sofre ainda com gargalos de infraestrutura e capacitação de mão de obra especializada, dificuldades estas que o setor está buscando superar.” 

Diante disso, a Schlumberger continua investindo em eficiência operacional para superar os desafios tecnológicos de Libra e do pré-sal e "acompanha o movimento do setor de óleo e gás, aguardando os planos de investimentos e continuidade das rodadas”, conclui Firmo. 

Oferecer as soluções para esses desafios técnicos que o pré-sal apresenta também mobiliza o mercado. Os poços em algumas áreas de Libra podem alcançar uma profundidade de até 7 mil metros, de acordo com informações de Adriano Bastos, executive account director da GE Oil & Gas. A empresa desenvolve materiais especiais para condições do óleo extraído na região e técnicas de exploração que suportem as altas pressões. 

“A GE está comprometida com o desenvolvimento do País e, por isso, sempre busca desenvolver soluções que atendam as características específicas do mercado nacional. A empresa enxerga Libra como um mercado cheio de oportunidades para o desenvolvimento de novas tecnologias e aplicação das já existentes”, afirma Bastos. 

A capacidade técnica dos fornecedores precisa estar bem dimensionada para a crescente demanda. Só a GE Oil & Gas investiu, em 2012, US$ 262 milhões para ampliar as fábricas de Niterói e Macaé, no Estado do Rio, e Jandira, em São Paulo. “Estamos preparados para atender a demanda do mercado local”, garante Bastos. “As maiores oportunidades de Libra correspondem ao potencial de produção do campo, que tem uma grande reserva natural e baixo risco de não encontrar petróleo. Os gargalos podem estar relacionados aos custos de investimento e à infraestrutura necessários para a produção do campo.” 

Investimentos do setor privado são fundamentais para os planos de exploração de Libra. De acordo com a Petrobras, o volume de encomendas de novas plataformas será suficiente para garantir a sustentabilidade dos estaleiros nacionais a longo prazo. 
As empresas especializadas na construção de módulos e a indústria fornecedora de equipamentos e serviços também receberão muitas encomendas, tendo em vista os índices de conteúdo local que estão sendo exigidos. Em projetos básicos e de detalhamento, esses percentuais são de 90%, informa a Petrobras. 

“Entretanto, para que essa grande demanda de bens e serviços possa ser capitalizada para a indústria naval e para os construtores e fabricantes nacionais, será necessário que essa indústria trabalhe nos pontos-chave que hoje impactam sua competitividade e produtividade”, diz Anelise. “Podemos citar: planejamento e gestão, integração da cadeia de subfornecedores, capacitação da mão de obra e da supervisão e recuperação da engenharia de concepção, engenharia industrial e de produto. Como os desafios são grandes, o aspecto de planejamento e gestão é crítico, merecendo bastante atenção.” 
Diante de tantas oportunidades, Nelson Leite, presidente da FMC Technologies do Brasil, mostra-se otimista: “Esperamos que o campo possa contribuir para manter o nível de encomendas da indústria, como também possibilitar a introdução de novas soluções tecnológicas”. 

Pesquisa realizada pela KPMG indica que a indústria de óleo e gás foi uma das que mais realizou fusões e aquisições em 2013, informa Manuel Fernandes, presidente do Comitê de Energia da AmCham Rio. “Um dos grandes players do setor, a BG Group tem plano de investimento de US$ 30 bilhões nos próximos dez anos. Existem ainda os novos entrantes do setor por meio de fusões e aquisições. Foram 38 operações em 2013, contra 19 em 2012.” 

Libra também está cercado de desafios. Entre eles, a própria estrutura do consórcio, formado por gigantes do setor que atuarão em conjunto sob a liderança da Petrobras, alertam especialistas. “A presença de quatro experientes companhias estrangeiras em bloco do pré-sal, mesmo sem o caráter de operador, sempre poderá trazer novas ideias”, afirma Wagner Freire, consultor sênior da FGV Energia. 

Já Segen Estefen, professor de Engenharia Oceânica da Coppe/UFRJ e coordenador do Laboratório de Tecnologia Submarina (LTS) da universidade, acredita que será necessário um período de adaptação para que essas grandes organizações, com culturas distintas, cheguem a um entendimento. “Entendo que esteja acontecendo, nesta primeira fase, a discussão acerca de como os comitês vão atuar, como as empresas vão agir tecnicamente, qual será o papel de cada uma. A Petrobras será a operadora, mas daí para uma definição técnica em relação aos processos e cultura de cada empresa vai uma longa distância”, ressalta Estefen. 

A estrutura da operação, que está sendo definida, determina consequências em cascata, diz o especialista da Coppe: “Não acredito que tenha um, mas vários pontos a serem aperfeiçoados. Por exemplo, quando se definem as estruturas de produção, todo o projeto submarino está implícito. São questões para os próximos 20, 30 anos, como manutenção, inspeção e custos”. 

Outro aspecto importante que Libra traz à tona é o próprio modelo de partilha. O Brasil, agora, passa a conviver com três arcabouços regulatórios diferentes. Cada um desses regimes apresenta particularidades: Partilha da Produção – inaugurado com o leilão de Libra, que rege as áreas de ocorrência no pré-sal e em eventuais áreas estratégicas, em que o risco exploratório é relativamente baixo em comparação com outras áreas em bacias sedimentares brasileiras; Cessão Onerosa – que rege apenas um conjunto de blocos na Bacia de Santos, onde a Petrobras detém 100% dos direitos sobre um total de até 5 bilhões de barris de óleo equivalente; Concessão – que vigorou a partir da criação da Lei do Petróleo (Lei 9.478/97), de 6 de agosto de 1997, e rege todas as áreas fora do polígono do pré-sal e as que, mesmo dentro dele, já estavam sob contrato quando foi criado o modelo de partilha de produção. 

“A Petrobras reagiu rapidamente às mudanças e implementou os mecanismos de gestão necessários para enfrentar cada situação. Na visão da Petrobras, não há modelo único ideal para exploração do pré-sal, pois cada um apresenta suas especificidades”, afirma Anelise. 
Essa opinião, porém, ainda não é consenso no mercado. “Ainda existem dúvidas, por parte da indústria, de como vai funcionar o modelo de partilha no que tange às definições de estratégias de exploração e desenvolvimento. O modelo é novo, logo, há muito a aprender”, diz Fernandes, da AmCham Rio.

Para Fernández y Fernández, da Onip, “já parece claro que o modelo atual peca pela participação compulsória da Petrobras e pela exigência desta de cumprir o papel de operadora única”. 
Freire, consultor da FGV Energia, considera o modelo “pouco atraente para os investidores e, em muitos aspectos, desinteressante para a Petrobras, por tornar obrigatória sua participação com pelo menos 30% em todos blocos que venham a ser concedidos e, além disso, como operadora desses blocos. Por outro lado, o acordo de participação das companhias associadas tem a presença de uma companhia estatal, a PPSA, que não aporta recursos financeiros e tem poderes discricionários, que fogem aos padrões da indústria”. 

Também há incertezas em relação aos mecanismos de investimento em pesquisa e desenvolvimento. Nos últimos dez anos, um grande número de laboratórios foi construído, principalmente fruto dos investimentos da Petrobras. A estrutura criada ajuda a explicar o destaque brasileiro na criação de tecnologias para a exploração de petróleo em alto-mar. 
“A comunidade científica discute o problema em âmbito nacional e se esforça para passar a mensagem de que esses investimentos precisam ser preservados para que as pesquisas tenham continuidade. É preciso definir o percentual que vai ser dedicado às pesquisas nesse sistema de partilha”, defende Estefen. 

O Parque Tecnológico instalado na UFRJ, na Ilha do Fundão, é um exemplo de como a indústria do petróleo é importante para pesquisadores. “Existem iniciativas do governo para estabelecer um instituto para a pesquisa oceânica e há outras questões, como o uso econômico, a geração de empregos e o desenvolvimento tecnológico, além da influência dos oceanos para as mudanças climáticas. Essas pesquisas são viabilizadas, em grande parte, pela indústria de offshore no Brasil”, diz Estefen. 
No Parque Tecnológico da UFRJ, o 5º Centro Global de Pesquisa e Treinamento (GRC) da GE, o primeiro da América Latina, será inaugurado até o fim deste ano: um investimento de US$ 20 milhões. “O laboratório de petróleo e gás, dentro do próprio GRC, se concentrará em pesquisas de tecnologias avançadas para o setor, com o objetivo de desenvolver novos produtos e serviços que tragam soluções para o mercado nacional de exploração offshore e em águas ultraprofundas”, anuncia Bastos. 

ENTRE ASPAS 

"Libra é importante para o setor de óleo e gás no País, pois representa a continuidade dos desenvolvimentos no pré-sal. Esperamos que o campo possa contribuir para manter o nível de encomendas da indústria, como também possibilitar a introdução de novas soluções tecnológicas", Nelson Leite, Presidente da FMC Technologies do Brasil. 

"A presença de um único operador, a Petrobras, torna a atividade desfavorável à inovação e ao desenvolvimento de tecnologias mais eficientes e menos dispendiosas", Wagner Freire, consultor sênior da FGV Energia. 

"As maiores oportunidades de Libra correspondem ao potencial de produção do campo, que tem uma grande reserva natural e baixo risco de não encontrar petróleo. Os gargalos podem estar relacionados aos custos de investimento e à infraestrutura necessária para a produção do campo", Adriano Bastos, executive account director da GE Oil & Gas. 

"Ainda existem dúvidas, por parte da indústria, de como vai funcionar o modelo de partilha no que tange às definições de estratégias de exploração e desenvolvimento. O modelo é novo, logo, há muito a aprender", Manuel Fernandes, presidente do Comitê de Energia da AmCham Rio. 

"Já parece claro que o modelo atual peca pela participação compulsória de participação da Petrobras e da exigência desta de cumprir o papel de operadora única. Para os fornecedores, a pluralidade de clientes é parte importante das estratégias de crescimento", Eloi Fernández y Fernández, diretor-geral da Organização Nacional da Indústria do Petróleo. 

"O campo de Libra é a maior novidade no cenário de produção de petróleo no Brasil nos últimos anos, seja pela dimensão, pelo desafio tecnológico, pelo volume que pode produzir e, também, pela chegada do regime de partilha", Rafael Lourenço, diretor-superintendente da AmCham Rio. 

"A Petrobras dispõe de recurso em caixa para investir em Libra. Esses recursos estão previstos no Plano de Negócios e Gestão da companhia para o período 2014-2018 e também foram considerados na análise do Plano Estratégico 2020-2030", Anelise Quintão Lara, gerente executiva da Petrobras para a área de Libra. 

"Libra, como já conhecemos, sofre ainda com gargalos de infraestrutura e capacitação de mão de obra especializada, dificuldades estas que o setor está buscando superar", José Firmo, presidente da Schlumberger. 

"A indústria aguarda com muita expectativa a série de contratos que vão ser concedidos, certamente levando em consideração que se trata de uma oportunidade única", Roberto Ramos, presidente da AmCham Rio. 

"Quando as estruturas de produção são definidas, todo o projeto submarino está implícito. São decisões que vão ter impacto pelos próximos 20, 30 anos", Segen Estefen, professor do Programa de Engenharia Oceânica da Coppe/UFRJ. 

" O pré-sal brasileiro, com o que já foi descoberto, aponta para volumes recuperáveis de 28 a 35 bilhões de barris de reserva. Isso é algo sem igual, a atratividade é imensa. Libra tem potencial de volumes recuperáveis de 8 a 12 bilhões de barris de reserva", Oswaldo Pedrosa, presidente da PPSA. 

"Libra provavelmente é o maior desenvolvimento offshore do mundo, tem que entrar no Guiness Book este ano. Então, queremos otimizar as soluções técnicas e maximizar a economia do projeto para nós e para o governo", Denis Palluat de Besset, presidente da Total E&P do Brasil. 

“Os parceiros do consórcio estão focados em contribuir com a Petrobras para termos um bom começo de projeto, de olho nos primeiros resultados do programa exploratório”, André Araujo, presidente da Shell. 


CONFERÊNCIA DE LIBRA 

Conferência realizada pela AmCham Rio analisa as repercussões para o mercado 
O evento reuniu presidentes de grandes empresas, representantes do governo e especialistas 

Ímpar pela dimensão, pelo desafio tecnológico, pelas condições inéditas da concessão, pela capacidade produtiva, Libra poderá responder pela metade da produção brasileira. “Tudo isso faz de Libra um marco e, portanto, justifica todo o interesse da sociedade”, disse Roberto Ramos, presidente da AmCham Rio, que foi um dos moderadores da conferência “Libra: repercussões para o mercado e o que esperar do novo modelo de partilha”, realizada pela Câmara de Comércio Americana do Rio de Janeiro, no dia 25 de julho, na Casa do Empresário. 

O evento – que teve como patrocinador máster a Domingues e Pinho Contadores (DPC) e o patrocínio da KPMG e Halliburton, além de apoio institucional do Brazil-U.S. Business Council e apoio da FGV Energia, Federação das Câmaras de Comércio Exterior (FCCE) e TN Petróleo – reuniu presidentes de empresas importantes do mercado, representantes do governo e especialistas, que analisaram as expectativas dos fornecedores e prestadores de serviços. 

O modelo de partilha adotado no leilão de Libra também gerou debate entre os participantes da conferência. “Ainda existem dúvidas, por parte da indústria, de como vai funcionar o modelo de partilha no que tange às definições de estratégias de exploração e desenvolvimento. O modelo é novo, logo, há muito a aprender”, afirmou Manuel Fernandes, presidente do Comitê de Energia da AmCham Rio e também moderador da Conferência Libra. 

Presidente da Pré-Sal Petróleo (PPSA), Oswaldo Pedrosa ressaltou a atratividade de Libra, que tem potencial de volumes recuperáveis de 8 a 12 bilhões de barris de reserva. “O pré-sal brasileiro, com o que já foi descoberto, aponta para volumes recuperáveis de 28 a 35 bilhões de barris de reserva. Isso é algo sem igual, a atratividade é imensa”, disse. “Na medida em que o aprendizado se intensificar, os custos vão ser reduzidos, o gerenciamento de risco será muito melhor controlado. Só vejo um cenário altamente positivo para o setor petrolífero brasileiro no setor do pré-sal”. 

Denis Palluat de Besset, presidente da Total E&P do Brasil, por sua vez, se mostrou preocupado com a escalada global dos custos de produção e exploração, que sobem cerca de 10% ao ano, enquanto o preço do barril de petróleo segue estável na casa dos US$ 100. “O Brasil tem a regra do conteúdo local, que é forte e importante. Mas é necessário desenvolver uma cadeia de fornecedores com competitividade dentro do jogo mundial”, disse Besset. “Hoje estamos com 2 objetivos contraditórios: produzir óleo rapidamente e, ao mesmo tempo, otimizar o desenvolvimento de Libra. Vamos começar como o sistema da Petrobras, e, ao mesmo tempo, fazer todos os estudos necessários para a otimização do sistema. Com a parceria da PPSA, pouco a pouco encontraremos novas soluções para aumentar a economia do projeto”. 


ENTENDA LIBRA 

O bloco de Libra tem cerca de 1,5 mil quilômetros quadrados em águas ultraprofundas da Bacia de Santos, no polígono do pré-sal. A previsão da Petrobras é de que um sistema piloto entre em operação a partir de junho de 2020. No entanto, já será possível obter alguma produção de óleo proveniente do Teste de Longa Duração, que será realizado ainda no período exploratório, a partir de dezembro de 2016 até o fim de 2017. O pico de produção deve ser atingido em meados de 2020. 

Somente a Petrobras tem um orçamento global aprovado para a realização das principais atividades que compõem o programa de trabalho de 2014 fixado entre US$ 400 milhões e US$ 500 milhões. Ainda é necessário investir na fase exploratória (perfuração e avaliação de poços, testes de longa duração, aquisição e processamento sísmicos) e na fase de desenvolvimento da produção (perfuração e completação de poços, sistemas de coleta e exportação, construção de unidades de produção etc.). A empresa não divulgou o valor total, alegando que ele será detalhado quando os estudos forem concluídos. 

A atual estimativa da Petrobras considera que 12 sistemas de produção serão necessários para operar na área de Libra. A primeira plataforma deverá entrar em operação em 2020. 
Neste semestre, as operações de perfuração dos dois poços do Programa Exploratório Mínimo (PEM) de Libra serão iniciadas. Desta forma, o consórcio vencedor do leilão – Petrobras (40%), Shell (20%), Total (20%), CNPC (10%) e Cnooc (10%), com a Pré-Sal Petróleo S.A. (PPSA) – cumpre o compromisso com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). 

sábado, 26 de julho de 2014

A ESCRAVIDÃO DAS PATENTES: LICENÇA COMPULSÓRIA É A LEI ÁUREA DOS REMÉDIOS


Até quando existirá o monopólio das multinacionais de medicamentos ?


   Lei Áurea (Lei Imperial n.º 3.353), sancionada em 13 de maio de 1888, foi a lei que extinguiu a escravidão no Brasil. Foi precedida pela lei n.º 2.040 (Lei do Ventre Livre), de 28 de setembro de 1871, que libertou todas as crianças nascidas de pais escravos, e pela lei n.º 3.270 (Lei Saraiva-Cotegipe), de 28 de setembro de 1885, que regulava "a extinção gradual do elemento servil".

   No setor petróleo o mundo foi escravizado por décadas até o surgimento das empresas nacionais.
   Na área de fármacos esta hora esta chegando !

   A humanidade vem sofrendo mudanças significativas no contexto mundial, com as crescentes invenções e descobertas no setor farmacêutico, que desde a revolução industrial, é a mola propulsora das inovações tecnológicas. O presente estudo tem por objeto examinar as conseqüências da inclusão normativa oriundas de diversas discussões iniciadas pela Convenção da União de Paris (CUP) e pelo acordo Trade Related Aspects of Intellectual Rights (TRIPs) que criaram a Organização Mundial de Saúde e a Organização Mundial de Comércio. Estas organizações auxiliaram na iniciação da implantação de normas em benefício do desenvolvimento equilibrado entre o interesse das indústrias farmacêuticas e a saúde pública. O Brasil desde o início das convenções vem traçando parâmetros entre a propriedade industrial no contexto farmacêutico, com as necessidades evolutivas de políticas de saúde pública, entre elas o acesso aos medicamentos essenciais e a quebra das patentes farmacêuticas, as chamadas licenças compulsórias, que tem como fundamento o interesse social assegurado por nossa legislação.

   O escritório de Propriedade Intelectual de Taiwan (Tipo), um dos países emergentes que mais registram patentes no mundo, decidiu no final do ano passado conceder uma licença compulsória ao Departamento de Saúde para fabricação local de um antiviral patenteado pelo laboratório Roche. A razão apresentada foi a ameaça iminente de pandemia da gripe aviária no país, o que tornava urgente a necessidade de um estoque compatível de medicamentos. Reiterando sua posição de “equilibrar o respeito pelos direitos de propriedade intelectual com a necessidade de controle e prevenção de uma doença nacional”, o Tipo tomou o cuidado de estabelecer que, se o Departamento de Saúde obtivesse uma licença voluntária da Roche durante o período em causa, mediante “remuneração adequada”, poderia cancelar a licença compulsória.

Na verdade, Taiwan utilizou um dispositivo legal universalmente reconhecido e adotado. A licença compulsória existe desde o primeiro tratado internacional sobre patentes - a Convenção da União de Paris - e foi mantida em todas as suas revisões. Consta do Acordo TRIPS da OMC e de quase todas as leis de patentes do mundo, inclusive a brasileira. Sua justificativa histórica é de que a patente, não sendo um direito natural e sim uma concessão de natureza comercial, cria monopólio e que monopólios podem gerar abusos, como a prática de preços extorsivos. A licença compulsória é, pois, um mecanismo criado para coibir esses abusos, e tem sido usada por vários países, principalmente Canadá e EUA.
No Seminário Internacional sobre Propriedade Intelectual e Desenvolvimento, realizado em maio deste ano pela ABIFINA, o jurista Jerome Reichman, professor da Faculdade de Direito da Duke University (EUA), mostrou que nos Estados Unidos a licença compulsória é um instrumento banalizado: não somente usado com freqüência como franqueado a funcionários governamentais de terceiro e até quarto escalão. A tradição norte-americana é de acionar o dispositivo para neutralizar práticas antitruste e “especialmente para quebrar cartéis de patentes”, afirma Reichman, bem como à guisa de punição por contratos “leoninos”, desde que provado o abuso e os efeitos anticompetitivos.

Raramente os Estados Unidos utilizam a licença compulsória em casos de “uso governamental”. Mas é justamente neste tópico que se encontra um excelente exemplo para os países em desenvolvimento. Jerome Reichman lembra que, após a grande depressão norte-americana de 1929, a corporação pública Tennessee Valley Authority (TVA), criada para recuperar e desenvolver a degradada infra-estrutura econômica e social da região do vale do rio Tennessee, foi autorizada pelo governo federal a utilizar patentes para produção de fertilizantes e provisão de energia hidrelétrica, “no interesse do desenvolvimento agrícola e industrial” e para “baratear o fornecimento de energia”.
Tabu insustentável
Mesmo desmentidos por suas políticas domésticas, os países de primeiro mundo insistem em deslegitimar perante o mundo em desenvolvimento o instrumento da licença compulsória, associando-o a práticas de violação da propriedade intelectual, como a pirataria, e ameaçando com retaliações comerciais. “Faça o que eu digo, não faça o que eu faço” – esta é a mensagem por trás dos discursos aparentemente técnicos que procuram dissuadir os países menos favorecidos de adotar medidas compensatórias contra abusos de patentes.
Mas o tabu que se pretende construir junto à opinião pública em torno desse dispositivo não é uma unanimidade nos meios de comunicação. Se, por um lado, a mídia de massa tende a aderir a esse empreendimento, certamente movida por interesses comerciais, nas mídias mais democráticas como a Web o cenário é bem diferente. Uma boa referência para sondar o senso comum na Internet é a Wikipedia, enciclopédia on-line de livre acesso construída coletivamente pelos usuários. O verbete de “licença compulsória” atualizado em 18 de agosto de 2006 inclui a seguinte explicação para o uso do instrumento no contexto de patentes: “O fundamento para o uso da licença compulsória consiste no fato de que tentativas de obter uma licença em termos comercialmente razoáveis tenham falhado por um razoável período de tempo... Alguns exemplos de situações nas quais uma licença compulsória pode ser concedida incluem a falta de produção no território da patente por um longo período, invenções financiadas pelo governo, falha ou inabilidade do titular para atender a demanda por um produto patenteado, e situações em que a recusa a um licenciamento voluntário inviabiliza a exploração de uma importante conquista tecnológica.”
A Wikipedia focaliza em especial o acirrado debate em torno da questão da licença compulsória para medicamentos destinados a programas de saúde pública em países do terceiro mundo, fazendo referência à Declaração de Doha, que buscou o enforcement desse aspecto de TRIPS. Por outro lado, destaca como um problema o fato de que “embora as disposições de TRIPS referentes à emergência nacional permitam a concessão de licenças compulsórias em países do terceiro mundo, muitos deles não têm tecnologia para fabricar os medicamentos. Entretanto, TRIPS exige que licenças compulsórias sejam usadas para atender uma necessidade de produção local, o que exclui a possibilidade da importação”.
Seguindo orientação da reunião ministerial da OMC de dezembro de 2005 realizada para equacionar esse problema, mas também como estratégia para manter a licença compulsória como um instrumento sob seu controle – algo como “oferecer os anéis para não perder os dedos” – o Canadá e a União Européia adotaram regulamentos que autorizam suas indústrias a “produzir cópias de medicamentos patenteados para exportar aos países com insuficiente capacidade de produzir remédios para combater seus problemas de saúde pública”. Não é o caso do Brasil, que tem capacidade tecnológica e industrial de sobra para produzir os medicamentos necessários para o combate à Aids e outras moléstias controladas por programas públicos. Mas certamente as indústrias européias e canadenses beneficiárias dessa nova modalidade de licença compulsória estão lucrando bastante, junto com as chinesas e indianas, no fornecimento para programas africanos de combate à Aids patrocinados pela Organização Mundial de Saúde.
América Latina paga caro
Segundo Michel Lotrowska, representante no Brasil da Campanha de Acesso a Medicamentos Essenciais de Médicos sem Fronteiras, as indústrias farmacêuticas transnacionais, pressionadas pelos países em desenvolvimento, praticam uma política de redução voluntária de preços segundo critérios que cada empresa decide de forma arbitrária e diferenciada. “Os países da América Latina raramente se beneficiam dos melhores preços oferecidos” – constata Lotrowska. “O Kaletra (lopinavir/ritonavir), produzido pela Abbott, é emblemático dessa nova situação que põe em risco a sustentabilidade do Programa Nacional de DST/Aids. Enquanto a África do Sul paga por ele US$ 500/ano por paciente, o Peru paga US$ 4.500.”
O Brasil, por ter um programa de muito maior escala, até meados do ano passado pagava US$ 2.600/ano por paciente e depois ainda conseguiu algumas reduções, mas ainda assim o preço do medicamento representa um empecilho para a sustentabilidade do programa a médio e longo prazos. A despesa do Ministério da Saúde pulou de R$ 1,9 bilhão em 2002 para R$ 3,2 bilhões em 2005 (só o programa de DST-Aids consumiu R$ 1 bilhão em medicamentos); e para 2006 a previsão é de R$ 4,1 bilhões. Ou seja, os gastos dobraram no curto período de cinco anos. E se for considerado que o real está artificialmente valorizado, gerando sérios problemas para a produção industrial nacional e portanto a política cambial pode sofrer ajustes, os riscos de uma desestabilização se tornam ainda maiores.
Dados levantados pela Organização Médicos sem Fronteiras mostram que a América do Sul representa menos de 4% do mercado mundial de medicamentos, e a África nem chega a 2%. “Como acreditar que fatias tão pequenas do mercado - porém compreendendo populações tão numerosas - podem atrapalhar os lucros das multinacionais?”, questiona Lotrowska. Ele entende que, ao ceder às pressões dos grandes laboratórios, o governo brasileiro faz apenas economias de curto prazo, e que novos acordos desse tipo “não resolvem o problema de sustentação a longo prazo do Programa Nacional de DST/Aids, apenas empurrando o problema para o próximo governo”.
Efetivamente, embora a licença compulsória seja explicitada na lei brasileira de propriedade industrial (nº 9.279/96), dispondo sobre a sua concessão em casos de insuficiência de exploração comercial (art. 68 § 1º); exercício abusivo do direito (art. 68 § 2º); abuso de poder econômico (art. 68 § 3º); concessão de patente dependente (art. 70), e interesse público ou emergência nacional (art. 71), o governo federal hesita em acionar o dispositivo. Apenas ameça. Na gestão de José Serra no Ministério da Saúde de FHC, foi editado o Decreto nº 3.201/99, que preparou terreno para o uso do instrumento em casos de emergência nacional e interesse público estabelecendo como prioridades as áreas de saúde pública, nutrição e defesa do meio ambiente, e determinando que o ministro de Estado responsável pela matéria em causa teria competência para decidir sobre o assunto.
Em 2003 o decreto foi reeditado praticamente sem modificações pelo governo Lula, sob o nº 4.830, mas novamente não chegou a ser aplicado. Serviu apenas como meio de pressão sobre os laboratórios internacionais para reduzir o custo da compra de fármacos e medicamentos para o programa de DST/Aids. O Brasil teme retaliações comerciais e acaba aceitando modestas reduções de preço oferecidas pelos fabricantes dos fármacos patenteados.

A chancela do interesse público


   Na opinião de Jerome Reichman, os países em desenvolvimento não deveriam se intimidar com as pressões do primeiro mundo, dado que “os imperativos do interesse público permanecem consistentes tanto com a Convenção de Paris quanto com TRIPS. Porque os países em desenvolvimento precisam estar especialmente empenhados em contrabalançar os direitos de propriedade intelectual com a necessidade de suprir bens públicos como saúde e educação, eles devem conservar o poder de impor licenças compulsórias no interesse público”. Reichman sugere apenas aos países menos desenvolvidos a não-banalização do instrumento. É indispensável, em sua opinião, o cuidado de que a decisão do licenciamento compulsório para o exercício da prerrogativa do “uso governamental” seja restrito a atividades que estejam normalmente sob a responsabilidade do setor público em qualquer país. O Decreto nº 4.830 teve o cuidado de atender a esse requisito, mas ainda assim o governo brasileiro hesita em lançar mão do instrumento, diante de qualquer insinuação dos Estados Unidos de que poderíamos “perder prioridade” nas listas de preferências de comércio exterior do país, onde se elevam ou baixam as tarifas de importação para parceiros comerciais conforme o seu bom ou mau comportamento – ou melhor, conforme o seu grau de submissão aos interesses norte-americanos.

   Alarmado diante da rápida escalada dos custos do programa brasileiro de Aids, o Conselho Nacional de Saúde (CNS) recomendou formalmente ao Ministério da Saúde, há cerca de um ano, a adoção da licença compulsória para os ARVs lopinavir/ritonavir (o Kaletra, da Abbott), efavirenz e tenofovir, que representam 80% dos gastos com matéria-prima para o coquetel anti-Aids e comprometem a sustentabilidade do programa. A medida teve grande repercussão e contou com o apoio de aguerridas organizações não-governamentais voltadas para o combate à Aids, mas, novamente, serviu apenas para a obtenção de mais uma redução de preços junto ao principal fornecedor. Enfim, fica a pregunta:
  Qual interesse deve prevalecer; o das multinacionais de farmácia ou das enormes populações pobres dos países do terceiro mundo ?


sexta-feira, 25 de julho de 2014

OS BRICS VENCERÃO E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL TAMBÉM !

Fidel Castro e A DECLARAÇÃO DE FORTALEZA


 É hora de conhecer um pouco mais a realidade

24.07.2014
Fidel Castro: É hora de conhecer um pouco mais a realidade. 20612.jpeg
Pedi aos editores do "Granma" que me dispensem nesta ocasião da honra de publicar o que vou escrever na primeira página do órgão oficial de nosso Partido, pois penso expressar pontos de vista pessoais sobre temas que, por conhecidas razões de saúde e de tempo, não pude apresentar nos órgãos coletivos de direção do Partido e do Estado, como os Congressos do Partido, ou as reuniões pertinentes da Assembleia Nacional do Poder Popular.

Por Fidel Castro, no jornal "Granma"


Em nossa época os problemas são cada vez mais complexos e as notícias se propagam com a velocidade da luz, como muitos sabem. Nada ocorre hoje em nosso mundo que não nos ensine algo a todos os que desejamos e ainda somos capazes de compreender novas realidades.

O ser humano é uma estranha mistura de instintos cegos, por um lado, e de consciências, por outro.
Somos animais políticos, como não sem razão afirmou Aristóteles, que quiçá influiu mais do que nenhum outro filósofo da antiguidade no pensamento da humanidade através de quase 200 tratados, segundo se afirma, dos quais se conservaram apenas 31. Seu mestre foi Platão, o qual legou para a posteridade sua famosa utopia sobre o Estado Ideal, que em Siracusa, onde tratou de aplicá-lo, quase lhe custa a vida.
Sua Teoria Política ficou como apelativo para qualificar as ideias como más ou boas. Os reacionários a utilizaram para qualificar tanto Marx, como Lênin, de teóricos, sem tomar em conta que suas utopias inspiraram a Rússia e a China, os dois países chamados a encabeçar um mundo novo que permitiria a sobrevivência humana se o imperialismo não desatar antes uma criminosa e exterminadora guerra.

A União Soviética, o Campo Socialista, a República Popular da China e a Coreia do Norte nos ajudaram a resistir com abastecimentos essenciais e armas, ao bloqueio econômico implacável dos Estados Unidos, o império mais poderoso de todos os tempos. Apesar de seu imenso poder, não pôde esmagar o pequeno país que a poucas milhas de suas costas resistiu durante mais de meio século às ameaças, aos ataques piratas, sequestros de barcos pesqueiros e afundamentos de navios mercantes, destruição em pleno voo do avião da Cubana de Aviação em Barbados, incêndio de escolas e outros delitos. Quando tentou invadir nosso país com forças mercenárias na vanguarda, transportadas em barcos de guerra dos Estados Unidos como primeira etapa, foi derrotado em menos de 72 horas. Mais tarde os bandos contrarrevolucionários, organizados e equipados por eles, cometeram atos de vandalismo que provocaram a perda da vida ou da integridade física de milhares de compatriotas.


No estado da Flórida se localizou a maior base de atividades contra outro país que existia naquele momento. Com o passar do tempo o bloqueio econômico se estendeu aos países da Otan e outros muitos aliados da América Latina, que foram durante os primeiros anos cúmplices da criminosa política do império, que despedaçou os sonhos de Bolívar, Martí e centenas de grandes patriotas de irredutível conduta revolucionária na América Latina. A nosso pequeno país não só se negava seu direito a ser uma nação independente, como a qualquer outro dos numerosos Estados da América Latina e do Caribe, explorados e saqueados por eles, mas também o direito à independência de nossa Pátria que seria totalmente despojado, quando o destino manifesto concluía sua tarefa de anexar nossa ilha ao território dos Estados Unidos da América do Norte.

Na recém concluída reunião de Fortaleza se aprovou uma importante Declaração entre os países que integram o grupo Brics.

Os Brics propõem uma maior coordenação macroeconômica entre as principais economias, em particular no G-20, como um fator fundamental para o fortalecimento das perspectivas de uma recuperação efetiva e sustentável em todo o mundo.  Anunciaram a assinatura do Acordo constitutivo do Novo Banco de Desenvolvimento, com a finalidade de mobilizar recursos para projetos de infraestrutura e de desenvolvimento sustentável dos países Brics e outras economias emergentes e em desenvolvimento.

O Banco terá um capital inicial autorizado de 100 bilhões de dólares. O capital inicial subscrito será de 50 bilhões de dólares, dividido em partes iguais entre os membros fundadores. O primeiro presidente da Junta de Governadores será da Rússia. O primeiro presidente do Conselho de Administração será do Brasil. O primeiro presidente do Banco será da Índia. A sede do Banco será em Xangai.

Anunciaram também a assinatura de um Tratado para o estabelecimento de um Fundo Comum de Reservas de Divisas para situações de contingência, com um tamanho inicial de 100 bilhões de dólares.
Reafirmam o apoio a um sistema multilateral de comércio aberto, transparente, inclusivo e não discriminatório; assim como a conclusão exitosa da Rodada de Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC).

Reconhecem o importante papel que as empresas estatais desempenham na economia; assim como o das pequenas e médias empresas como criadores de emprego e riqueza.

Reafirmam a necessidade de uma reforma integral das Nações Unidas, incluído seu Conselho de Segurança, com a finalidade de torná-lo mais representativo, eficaz e eficiente, de maneira que possa responder adequadamente aos desafios globais.

Reiteraram sua condenação ao terrorismo em todas as suas formas e manifestações, onde quer que ocorra; e expressaram preocupação pela contínua ameaça do terrorismo e do extremismo na Síria, ao mesmo tempo que chamaram todas as partes sírias a que se comprometam a pôr fim aos atos terroristas perpetrados pela Al-Qaeda, seus filiados e outras organizações terroristas.

Condenaram energicamente o uso de armas químicas em qualquer circunstância; e deram boas-vindas à decisão da República Árabe Síria de aderir à Convenção sobre Armas Químicas.

Reafirmaram o compromisso de contribuir a uma justa e duradoura solução global do conflito árabe-israelense sobre a base do marco legal internacional universalmente reconhecido, incluindo as resoluções pertinentes das Nações Unidas, os Princípios de Madri e a Iniciativa de Paz Árabe; e expressaram apoio à convocação, na data mais próxima possível, da Conferência sobre o estabelecimento de uma zona do Oriente Médio livre de armas nucleares e outras armas de destruição em massa.

Reafirmaram a vontade de que a exploração e utilização do espaço extraterrestre deve ser para fins pacíficos.



Reiteraram que não há alternativa a uma solução negociada para a questão nuclear iraniana e reafirmaram apoio a sua solução através de meios políticos e diplomáticos.

Expressaram preocupação pela situação no Iraque e apoiaram o governo iraquiano em seus esforços para superar a crise, defender a soberania nacional e a integridade territorial.

Expressaram preocupação pela situação na Ucrânia e fizeram um chamamento por um diálogo amplo, a diminuição do conflito e a moderação de todos os atores envolvidos, com a finalidade de encontrar uma solução política pacífica.

Reiteraram a firme condenação ao terrorismo em todas as suas formas e manifestações. Assinalaram que as Nações Unidas têm um papel central na coordenação da ação internacional contra o terrorismo, que deve ser levada a cabo conforme o direito internacional, incluída a Carta das Nações Unidas, e o respeito aos direitos humanos e às liberdades fundamentais.

Reconheceram que a mudança climática é um dos maiores desafios que a humanidade enfrenta, e fizeram um chamamento a todos os países a construir sobre as decisões adotadas na Convenção Marco das Nações Unidas sobre a Mudança Climática (CMNUCC), com vistas a chegar a uma conclusão exitosa para o ano de 2015 das negociações no desenvolvimento de um protocolo, outro instrumento legal ou um resultado acordado com força legal sob a Convenção aplicável a todas as Partes, de conformidade com os princípios e disposições da CMNUCC, em particular o princípio das responsabilidades comuns mas diferenciadas e suas respectivas capacidades.

Expressaram a importância estratégica da educação para o desenvolvimento sustentável e o crescimento econômico inclusivo; assim como destacaram o vínculo entre a cultura e o desenvolvimento sustentável.
A próxima Cúpula dos Brics será na Rússia, em julho de 2015.

Pareceria que se trata de mais um acordo entre os muitos que aparecem constantemente nos despachos das principais agências ocidentais de imprensa. Contudo, o significado é claro e rotundo: A América Latina é a área geográfica do mundo onde os Estados Unidos impuseram o sistema mais desigual do planeta, o desfrute de suas riquezas internas, o fornecimento de matérias primas baratas, comprador de suas mercadorias e o depositante privilegiado de seu ouro e seus fundos que escapam de seus respectivos países e são investidos pelas companhias norte-americanas no país ou em qualquer lugar do mundo.

Nunca ninguém encontrou uma resposta capaz de satisfazer as exigências do mercado real que hoje conhecemos, mas tampouco poderia duvidar-se de que a humanidade marcha para uma etapa mais justa do que até nossos tempos tem sido a sociedade humana.

Repugnam os abusos cometidos ao longo da história. Hoje o que se avalia é o que sucederá em nosso planeta globalizado em um futuro próximo. Como poderiam escapar os seres humanos da ignorância, da carência de recursos elementares para alimentação, saúde, educação, habitação, emprego decente, segurança e remuneração justa. O que é mais importante, se isto será possível ou não, neste minúsculo rincão do Universo. Se meditar sobre isto serve para algo, será para garantir na realidade a supremacia do ser humano.

Por minha parte, não abrigo a menor dúvida de que quando o presidente Xi Jinping termine as atividades para concluir seu giro neste hemisfério, assim como o presidente da Federação Russa, Vladimir Pútin, ambos os países estarão culminando uma das maiores proezas da história humana.

Na Declaração dos Brics, aprovada em 15 de julho de 2014 em Fortaleza, defende-se uma maior participação de outros países, especialmente os que lutam por seu desenvolvimento com vistas a fomentar a cooperação e a solidariedade com os povos e de modo particular com os da América do Sul, assinala-se em um significativo parágrafo que os Brics reconhecem em particular a importância da União das Nações Sul-americanas (Unasul) na promoção da paz e da democracia na região, na conquista do desenvolvimento sustentável e na erradicação da pobreza.

Já fui bastante extenso, apesar de que a amplitude e a importância do tema demandavam a análise de importantes questões que requeriam alguma réplica.

Pensava que nos dias subsequentes haveria um pouco mais de análise séria sobre a importância da Cúpula dos Brics. Bastaria somar os habitantes de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul para compreender que totalizam neste momento a metade da população mundial. Em poucas décadas o Produto Interno Bruto da China superará o dos Estados Unidos; muitos Estados já solicitam iuans e não dólares, não só o Brasil, mas vários dos mais importantes da América Latina, cujos produtos como a soja e o milho competem com os da América do Norte. O aporte que a Rússia e a China podem fazer na ciência, na tecnologia e no desenvolvimento econômico da América do Sul e do Caribe é decisivo.

Os grandes acontecimentos da história não se forjam em um dia. Enormes provas e desafios de crescente complexidade se vislumbram no horizonte. Entre a China e a Venezuela foram assinados 38 acordos de cooperação. É hora de conhecer um pouco mais as realidades.

Fidel Castro Ruz
21 de julho de 2014, às 22h15
Publicado no Jornal "Granma"
Fonte: Blog da Resistência
http://www.patrialatina.com.br/editorias.php?idprog=9f9d7d036be82e3c8c373b3646d3ff8e&cod=14055